Ir a um restaurante em Porto Alegre ou qualquer outra cidade que eu tenha conhecido é um ato necessariamente dependente de alguém, ou se não for assim, passarei fome.
Os cardápios estão com as letras cada vez menores, as opções de pratos, as figuras coloridas e apetitosas tomam completamente o espaço das letrinhas de bula de remédio. Nos fast foods é mais fácil é só decorar o número dos pedidos e dizer logo: um número 1 por favor! E pronto.
Mas nos demais casos, preciso pedir auxilio para que a minha paciente companhia leia um por um dos tipos de pratos existentes, seus ingredientes e acompanhamentos ou entradas, já que enxergar tudo aquilo é tarefa que a mim não há possibilidade alguma..
Mesmo os cegos deveriam ter um cardápio especificamente em braile,afinal, se as pessoas não se deram conta estes sujeitos também comem, consomem, vivem. Certa vez me senti bastante insatisfeito e perguntei ao gerente do estabelecimento por que as letras do cardápio eram tão pequenas, e eis que me respondeu de um modo que me fez levantar e ir embora, disse ele: “Se o senhor não trouxe seu óculos, peço a um garçom que o acompanhe e leia cada uma das opções, como um mimo do restaurante”
Mas oras! mimo é o ca.... Quem disse que acessibilidade é mimo? Porque eu preciso ir ao restaurante de "óculos”? pois que eu saiba, como com a boca.
É um absurdo como as pessoas ainda encaram a acessibilidade e o direito a autonomia de cada um como um presente, uma concessão, um “mimo” e não como um direito de cada um e dever de todos. Esta tudo errado quando o direito se torna um sentimento de benevolência.
Além disso, se a comida me custar o olho da cara, dou-lhes o esquerdo que para pouco serve mesmo...
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