segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Um errante vive-dor

Sempre fui um romancista de narrativas poéticas.
Um poeta que sonhava escrever em prosa.
Sinto-me tantas vezes um sujeito prosaico.
Daqueles que fogem dos delírios lúcidos.
Uma mistura de lágrimas, whisky e Prosac.

Palavras voam soltas em meus pensamentos.
As angústias seguem presas em mim.
Quero escrever os mais belos versos.
Não para ter glamour ou sucesso.
Mas para liberar essa dor em excesso.

Na madrugada gasto o tinteiro e amasso papéis por nada.
Essa escassez de ideias é como uma facada.
Mordo os lábios com gosto e rancor.
Afolha branca é agora vermelho borrado.
Como um morango mofado.

Não há como escapar dessa realidade soturna.
Trago comigo essa tristeza profunda.
Não sou apenas um poeta fingidor.
Sou um errante vive-dor.

Assim que o dia amanhece.
Um novo dia floresce.
A esperança me inunda e invade.
Pois a dor, é a matéria-prima da felicidade.
....
Felipe Leão Mianes