sábado, 15 de setembro de 2012

Bola pra frente é sempre um gol de placa!

Hoje, dia 15 de setembro, é aniversário do Grêmio, meu clube de coração. Antes que o leitor me abandone, eu digo que não odeio o inter, afinal, para se amar alguém não preciso detestar outrem. Fica minha homenagem a essa instituição do esporte bretão que me deu tantas alegrias.
Decidi escrever, ao assistir imagens das conquistas do Grêmio na década de 1990, acontecimentos que se entrelaçaram com a minha vida de uma forma que só agora eu consigo dimensionar.
Eu sou um apaixonado por futebol, capaz até de parar na frente da TV para ver partidas como Iraque e Bahein, pelas eliminatórias asiaticas da Copa do Mundo. Isso é herança de minha infância e adolescência, afinal, eu sempre fui um perna de pau, e jogava melhor quando não entrava em campo. Nos anos de 1995 a 1997 foi um periodo glorioso para o Grêmio e de transição para mim, que dos 13 anos em diante tive que aprender a lidar com a cegueira de um olho e com a baixa visão do outro.
Quando o tricolor gaudério foi Bicampeão da Libertadores em 1995, também foi o periodo em que meus problemas médicos começaram. O medo de passar por uma simples cirurgia de catarata, que devido a minha aniridia, me obrigaria a fazer uma anestesia geral. Lembro que na hora do procedimento o anestesista me disse pra contar até 3, e ao invés disso, eu pensei num golaço do Jardel. Adormeci. Acordei. Não era um sonho, o Grêmio estava na semifinal da Libertadores, e quiça eu poderia ver a final já com um olho novinho em folha. Mas eu pensava comigo: se for pra escolher entre o olho e a libertadores, fico com a segunda.
Um anjo passou e disse amêm.
Depois de uma recuperação lenta, em um belo sábado ensolarado e dia de jogo do Grêmio pelo Brasileirão, acordei com uma infecção no olho operado. Depois disso, muitos remédios, injeções intraoculares, colírios, comprimidos, dor, chás e... outra operação marcada.
No dia em que me disseram que eu teria que operar de novo o olho esquerdo, era o da final da Libertadores, e eu não tava nem ai para os oftalmologisas ou para o que iria acontecer, eu queria era que o jogo começasse. E assim foi, CÃMPEÃO DA LIBERTADORES, mas nada de operação.
Por uma série de motivos eu fiquei um ano entre opera, não opera. Enquanto isso, eu tive Glaucoma, o que causa muita dor para a maioria dos pacientes, e eu me tenho a sorte de dizer que nunca senti nada. Enquanto isso, o Grêmio empilhava viitórias no Brasileirão de 1996, até chegar a final. E, no dia seguinte a disputa da final do campeonato, outra operação estava marcada para corrigir meu Glaucoma.
Eu não estava nem ligando para a tal cirurgia de risco, eu queria era ganhar o título, que foi sofrido, doido, chorado, mas... vencido. Lembro que as últimas imagens que meu olho esquerdo viu foram as mais lindas, gol do Grêmio, capitão levantando a taça e eu chorando de alegria.
No dia seguinte, bloco cirúrgico. Operação. Cegueira. Na época eu não tinha a experiência de hoje, mas eu já pensava: bem, eu ainda tenho um olho, então, pra que reclamar né! Bola pra frente e segue a vida, até porque, o Grêmio era campeão mesmo.
Seja como for, para muitos o futebol é uma coisa banal, mas para um adolescente como eu foi a salvação. Creio que eu consegui enfrentar os problemas do modo como fiz, porque eu tinha uma fonte de alegria que era o meu time. Pode parecer loucura, mas eu lembro com saudosismo dessa época e não sinto trsteza pelo passado. Afinal, foi a minha deficiência visual que me deu a vida que eu tenho hoje, muito feliz por sinal. Sou pesquisador, o que sempre quis ser. Tenho bela casa, família e ótimos amigos. Que mais alguém pode qurer?
E, se eu voltasse no tempo e pudesse escolher entre o olho e a Libertadores, tomaria a mesma e sábia decisão. Pois, eu não sou o que sou apesar da deficiência, mas sim, por causa dela.
Cada um vive do seu jeito, no meu caso, toda vez que lembro desse passado me passa um sorriso largo no rosto.
Fazer do limão uma limonada, é sempre um gol de placa!  
 
 

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