sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Primeira jornalista com baixa visão a ter um quadro na TV aberta brasileira

É um pequeno passo para ela, e um gigantesco passo para todos nós. Minha estimada amiga Mariana Baierle é a primeira pessoa  com baixa visão a ter um quadro fixo na televisão aberta brasileira. Para muitos isso pode ser uma coisa simples, mas representa muito na luta pelo direito à acessibilidade e pelo compartilhar com as pessoas consideradas diferentes. Portanto, demonstrar a potencialidade dessas pessoas não é um ato de bondade, mas aconsolidação de um direito.
Não acho que Mariana mereceria um quadro só por ter baixa visão, mas por ser uma jornalista competente e bem articulada. Afinal, por conhecê-la, sei que ela é bem mais do que a baixa visão, já que conhece muito mais coisas do que questões relativas à acessibilidade. Por outro lado, é louvavel a atitude da TVE em colocar essa temática em sua programação, o fazendo de modo inovador e cumprindo com as funções da tv pública de proporcionar produtos de qualidade e levando em conta a diversidade.
As demais emissoras deveriam tomar a TVE como exemplo, não por simplesmente abrir espaço para uma pessoa com deficiência visual, mas sim, para uma jornalista que tem como uma de suas caracteristicas pessoal, a baixa visão. Acreditar no potencial dela foi um mérito para aqueles que fazem a programação da tv.
Não falo isso como amigo da Mariana, pois aqui quem se manifesta é o pesquisador na área da deficiência visual., que tem isenção suficiente para tecer esse tipo de comentário.
Outro fato interessante é que esse quadro da Mariana está no programa Cidadania (TVE RS canal 7), e não em algum programa relacionado com a medicina e reabilitação. Isso demonstra uma mudança de paradigmas, de não ver mais os direitos das pessoas com deficiência baseados na cura ou na medicalização, mas sim, na reivindicação de direito à diferença, formando cidadãos preparados para compartilhar com o diferente, ao invés de apenas tolerá-los.
Pelos programas que assisti - todos que foram ao ar - ter alguém com deficiência falando sobre acessibilidade, e sendo essa pessoa uma jornalista qualificada, as informações disponibilizadas ao público se dão de maneira clara e concisa, sob a perspectiva de quem vive na condição de usar a acessibilidade - embora quase nunca haja.
Eis um ponto muito importante: levar as informações e necessidades sobre acessibilidade, sobre diferentes modos de vida das pessoas com deficiência e outras questões relacionadas com a temática para além do público envolvido com essas temáticas. Ou seja, ultrapassar fronmteiras, transmitir essas ideias pessoas que nunca tenham refletido sobre esse assunto.
Creio que seja com muita e constante informação que poderemos concientizar a sociedade que acessibilidade não é um beneficio, mas é um DIREITO de todos. E mais que isso, os recursos e produtos de acessibilidade devem ser produzidos por pessoas que tenham formação e qualificação especifica para esse tipo de serviço, afinal, não é porque se fala em acessibilidade que nós iremos querer um serviço simples e sem qualidade.
Portanto, Mariana é uma pioneira na tv brasileira. Espero que depois dela venham mais e mais pessoas com deficiência que tenham qualificação para tal, com espaço na mídia e nas demais esferas sociais. Esse e outros tantos grandes passos estão sendo dados, e por isso acredito que estejamos evoluindo mais devagar do que gostariamos, e mais rápido do que poderiamos imaginar. Contudo, são iniciativas como essa que nos animam para continuar na batalha.
Parabéns Mariana e pessoal do Cidadania.
 

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