Possui graduação em
Letras pela Universidade Federal do Ceará (1982), mestrado em Mestrado Em
Letras Língua Inglesa pela Universidade Estadual do Ceará (1994) e doutorado em
Letras pela Universidade de São Paulo (2000). Atualmente é professor adjunto da
Universidade Estadual do Ceará e pesquisadora nível 2 do CNPq.. Tem experiência
na área de Lingüística Aplicada, com ênfase em Tradução, atuando principalmente
nos seguintes temas: tradução audiovisual, legendação-legendagem,
audiodescrição e tradução audiovisual e ensino.
1 -
Como você se tornou audiodescritor? Que importância a audiodescrição tem na sua
vida?
Tornei-me
audiodescritora, porque desde o ano 2000 venho trabalhando com a questão da
acessibilidade. Primeiro foi com os surdos, depois, a partir de 2005, com os
cegos.
A
audiodescrição tem importância, porque não existe um modelo já utilizado como
foi o caso das legendas para surdos e ensurdecidos. Ainda estamos procurando os
parâmetros que se aplicariam ao público brasileiro. Isto incentiva bastante a
pesquisa. Meu grupo, o LEAD, já trabalhou com AD de filmes , de teatros, de
obra de arte e de eventos ao vivo. Isto é muito estimulante, porque, como não
tínhamos trabalhos audiodescritos a serem examinados, resolvemos criar os
nossos e depois refletirmos sobre o nosso trabalho. Fizemos AD de filmes em
DVD, peças de teatro, espetáculos de dança, obras de arte. Agora estamos
trabalhando com a AD de material didático e com a tentativa de estabelecermos
padrões de locução com instruções apropriadas para o audiodescritor
locutor/narrador.
2 –
Na sua opinião, o que a AD representa para seus usuários? O que pode provocar
na vida dessas pessoas?
Acho
que ela representa a possibilidade de escolha sobre que atividade ele deseja
participar: ir ao cinema, ao teatro, fazer um curso online etc.. Tudo isso
proporcionado pela possibilidade da autonomia que a AD lhes dá. Acho que a ADs
e for devidamente aceita pelo usuário, pode significar uma grande mudança nas
vidas das pessoas com deficiência visual.
3 –
Quais as maiores dificuldades e quais as maiores alegrias em ser
audiodescritor?
As
maiores dificuldades se relacionam com o fato de ainda não termos a quem
recorrer quando temos dúvidas. As pesquisas na área ainda são incipientes e não nos podem dar muitas
respostas. As alegrias vem do fato de que sempre encontramos a resposta para as
nossas dúvidas e que o desafio torna a atividade ainda mais apaixonante.
4 -
Você concorda com a ideia de que a AD, mais do que informar, deve proporcionar
que o usuário usufrua e sinta as sensações do que é descrito?Você acredita que
a audiodescrição além de um recurso de acessibilidade seja também uma produção
cultural?
Penso
que a AD precisa incorporar a questão estética no seu texto, principalmente
porque estamos traduzindo arte. As questões específicas dessas obra de arte
precisas ser levadas em conta quando audiodescrevemos. Se estamos
audiodescrevendo cinema, devemos levar em conta a linguagem cinematográfica. Se
audiodescrevemos obra de arte, a estética deve ter um lugar importante na
descrição.
Por
tudo o que foi dito anteriormente, certamente acredito que a AD seja uma produção cultural.
5 –
O mundo está cada vez mais visual, e se levarmos em conta que a visualidade é a
matéria-prima da audiodescrição, ainda há muito a ser explorado nesse campo.
Junto a isso, temos a ampliação e difusão dos produtos e políticas culturais
para acessibilidade por parte dos governos e da sociedade civil. Diante desse
cenário, quais desafios você acha que devem ser enfrentados para expandir a
audiodescrição, tanto em quantidade como em qualidade?
Acho
que a pesquisa estimula bastante a questão da qualidade, principalmente
avaliando o que já foi feito. Quanto à quantidade, acho que duas ações poderiam
ser feitas:
1)
fazer uma campanha nacional para que o povo brasileiro, principalmente os
produtores culturais, tomem conhecimento da AD. Nesse sentido, louvo o livro "Notas Proêmias.
Acessibilidade Comunicacional para Produções Culturais", organizado por
Liliana Barros Tavares. Nele, vários audiodescritores apresentam a AD para os
produtores culturais de Pernambuco.
2) Mostrar para o governo, principal
responsável pelo financiamento das artes no país, que se ele exigir que um
parâmetro para a concessão do financiamento seja tornar a produção acessível,
com certeza a AD vai começar a tomar
corpo nesse país.
Nenhum comentário:
Postar um comentário