sábado, 30 de junho de 2012

Inscrições abertas para curso de extensão: Educação, cultura e acessibilidade

Estão abertas as inscrições para o curso de extensão da UFRGS “Educação, Cultura e Acessibilidade”. As aulas, ministradas por Felipe Mianes, Mariana Baierle e professores convidados, ocorrem de 11/setembro a 27/novembro, sempre nas terças à noite, no campus Central da UFRGS. Vagas limitadas.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Por que porém?

Hoje, enquanto caminhava na manhã ensolarada ouvindo a música Menina do Jornal, de Adriana Deffenti, Meus pensamentos se depararam de frente com um dilema quase universal.  Quando vivemos momentos de felicidade, sempre há um porém. Nunca deixa de nos habitar aquela sensação de desencaixe entre como as coisas são e aquilo que utopicamente imaginamos como se perfeitas fossem.
Creio que essa sensação de incompletude e desejo de ir alem, é a mola propulsora da humanidade e, ao mesmo tempo, seu pecado mais mortal. Há que se conformar que a vida é feita também com virgulas, reticencias e poréns. Por mais que nos declaremos felizes, há sempre por trás - ou na frente -  algo que nos incomoda, e que desejamos solucionar para que nossos dias sejam de plena alegria. Lamento, mas isso é uma doce ilusão.
Exemplo disso, é minha imensa felicidade pela aprovação merecida de duas amigas para o Doutorado em Educação na UFRGS, PORÉM, uma amiga tão querida quanto as já citadas, não foi aprovada. É obvio que a minha alegria é do tamanho do mundo pelo total mérito das amigas que passaram, porém - sempre ele -, fiquei bem triste, abatido e com aquele gostinho amargo de frustração pela amiga não aprovada. Como dizer que estou feliz sabendo que uma pessoa que muito estimo não está? Como não me sentir culpado por estar alegre mesmo assim?
Malditos sejam os poréns. Meu desejo de que tudo fosse perfeito é do mesmo tamanho que a consciência que tenho de que isso é impossível. Talvez o segredo da felicidade seja justamente saber conviver com as arestas que nos molestam. Aprender que os poréns que nos alfinetal são como um despertar do mundo de poliana, para que caia-mos na realidade da existência, tão extasiante quanto dolorosa - ou vice versa. Acho que a vida é como uma torta de limão - minha predileta -, inigualavelmente doce e saborosa, porém, às vezes nos deixa com aquele gosto amargo por um tempo.
Não estou aqui dizendo-me amargurado, pelo contrário, minhas constantes alegrias provêm do fato de cada dia mais eu aprender a lidar com os poréns. Podemos fazer do porém um bem. Isso porque, quanto mais amarguras vivemos, mais força temos para correr em busca do doce sabor da felicidade; Assim, como diria o cancioneiro: então corra... corra...

sexta-feira, 15 de junho de 2012

DOCUMENTÁRIO OLHARES RETRATA O ACESSO À CULTURA POR PESSOAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL

No próximo dia 7 de julho (sábado), das 16h às 18h, será exibido o documentário Olhares no Santander Cultural (Rua Sete de Setembro, 1028 – Centro Histórico), em Porto Alegre. No filme, pessoas cegas e com baixa visão contam suas experiências no acesso ao teatro, exposições, cinema, literatura, música e entretenimento.
A obra conta com audiodescrição – recurso de acessibilidade que permite acesso a pessoas com deficiência visual. Trata-se de uma produção independente dirigida por Felipe Mianes, historiador e doutorando em Educação, e Mariana Baierle, jornalista e mestre em Letras – ambos com deficiência visual. A exibição será seguida por um debate com os diretores.
Segundo Mianes, o objetivo do trabalho é dar voz às pessoas com deficiência visual, destacando suas potencialidades na relação com o mundo artístico e cultural. “Queremos mostrá-las como protagonistas de suas trajetórias de vida, para além dos estereótipos e das restrições”, afirma ele.
Desde os entrevistados até os diretores de Olhares são indivíduos com diferentes graus de deficiência. Mariana Baierle comenta que ainda existe a ideia de que o deficiente visual é apenas o cego. “No documentário buscamos dar espaço também às pessoas com baixa visão (aquelas com acuidade visual inferior a 30%), que possuem peculiaridades e representam a maioria entre os deficientes visuais”, afirma ela.
É apenas de inclusão que precisamos? O que seria realmente a inclusão? O encontro convida à reflexão e ao debate sobre essas e outras questões trazidas no filme.
A atividade terá duração de duas horas e acontece na sala Oeste do Santander Cultural. O ingresso é um quilo de alimento não perecível.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

As dores da deficiência visual...

Toda pessoa com deficiência visual sabe - ou seria prudente saber - que é necssário ter em casa um arsenal de primeiros socorros como: gaze, ataduras, esparadrapos, pomadas contra hematomas, bolsas de gelo e outros tantos utensilios de primeira necessídade. Afinal, viver nas cidades brasileiras é estar constantemente escapando de armadilhas, infelizmente, muitas delas são impossíveis de se desvenciliar. Por vezes me pergunto se algumas pessoas não ficam brincando de "caça aos ceguinhos" tal a estupídez com que as cidades tratam a acessibilidade.
Em Porto Alegre, cidade que infelizmente vivo, conheço uma dezena de pessoas com deficiência visual que tenham se acidentado por conta dos diversos tipos de obstáculos. Na verdade, eu ainda não conheci algum cego ou com baixa visão que NÃO tivesse se machucado em nossa muy leal e valorosa metrópole gaudéria. Porém, o mais esdrúxulo e preocupante é que  Porto Alegre foi considerada uma das capitais mais acessíveis do país, o que me leva a crer que ou os avvaliadores são mais cegos do que eu, ou as piores cidades são verdadeiros infernos inacessíveis.
Há poucos dias atrás, dei uma hiper mega canelada em um cabo de aço que sustentava um poste, pois estava escuro e eu não me lembrava da existência daquela coisa estapafúrdia no meio da calçada. Além de uma dor lancinante que me fez praguejar até a vigéssima geração do imbecil que permitiu a colocação do tal cabo, isso me causou um inchaço que mais parecia uma corcova de camelo.
Ano passado, na UFRGS, cai um tombo espatacular causado por uma montoeira de cabos e fios deixados a esmo no chão. Sorte a minha que as séries anteriores de quedas me fizeram aprender a cair, e nada de muito grave me aconteceu, a não ser uma ou outra escoriação. Mas, devo me dar por satisfeito pelo fato de não ter sofrido nada muito grave em minhas andanças pela capital gaúcha, cuja acessibilidade fica perto do rídiculo.
Contudo, lembrei de escrever algo a esse respeito pelo fato de uma amiga muito querida ter tido um dissabor desses de ferir-se em uma das armadilhas porto-alegrenses. Ela tem baixa visão, e infelizmente caiu em um buraco, torcendo o pé e tendo que ficar alguns dias "de molho" em casa. O pior de tudo é que o fato aconteceu no interior de uma instituição pública, que deveria dar o exemplo no que tange a acessibilidade.
O cuidado das empresas públicas com os problemas estruturais inexiste, é algo quase ficticio, mesmo  que devam servir de exemplo para as demais. É revoltante pagar impostos e se machucar em um buraco, dar caneladas em cabos de aço no meio das ruas ou outras tantas armadilhas. E não aceito que a burocracia ou sei lá o que impedem rapidez nas reformas, pois, quando os senhores políticvos querem eles conseguem fazer as coisas com bastante celeridade.
Por outro lado, reclamamos do Estado, sem se dar conta de que cada um de nós é parte dele. Se reivindicassemos uma postura mais adequada, se fossemos à imprensa, usassemos as redes sociais e os demais recursos que temos para denunciar essa quase "tentativa de assassinato" que é andar por Porto Alegre, talvez algo fosse feito. Cabe a cada um de nós fazer a sua parte, exigir que algo seja feito logo. Seria bem mais interessante que ao invés de inaugurar uma ciclovia de uma quadra, os governantes municipais se dessem conta de que para as pessoas com deficiência visual, caminhar na cidade é um perigo iminente.
Enfim, seja como for, o fato é que nos continuamos sendo vítimas do descaso e da falta de cuidado. Nesses casos me pergunto quem tem deficiência, eu ou o Estado? quem enxerga menos, eu com baixa visão ou os governantes e habitantes da cidade que não vêem esses perigos?
Por isso, se tu tens deficiência visual, é melhor teres em casa um Kit queda, pode ter certeza que um dia tu vais precisar...

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Cotas na universidades para pessoas com deficiência, outro lado da moeda.

Eu realmente acredito na democracia, por mais que ela produza certas aberrações. Com a mesma veemencia, sou um ácido critico do politicamente correto. Sendo assim, abomino sobremaneiura aqueles que usam a democracia e o politicamente correto em seu benefico próprio. Para certas pessoas dizerem-se democratas é fácil, o dificil para elas é conviver com uma opinião divergente. è o que acontece quando se exprime a contrariedade ao sistema de cotas para pessoas com deficiência, logo eu que tenho baixa visão, ser considerado preconceituoso e reacionário. é tão lamentável quanto inveridico.
Sou sim favorável ao sistema de cotas para pessoas de baixa renda - e se os critérios são falhos, arrumem-se os modos de aferir a renda. Mas, se formos aderir a cotas para negros apenas, como fica o branco pobre? Entendo que os movimentos sociais tem seus direitos, apenas acho que a maior chaga desta nação é desiguladade de renda, e isso não escolhe cor, religião ou condição corporal. Ainda assim, acho que juntamente com ela devemos ter uma politica voltada para a educação básica fazendo com que as cotas sejam provisórias, e não permanentes. Educar a todos os igualando quando a diferença os oprime, e os diferenciando quando a igualdade os apaga, parafraseando Boaventura Souza santos
No que diz respeito à pessoas com deficiência sou contrário frontalmente, pois um sujeito com deficiência rico, como fica?
Sendo menos radical e mais objetivo: não acho que a condição corporal ou cognitiva de um sujeito seja justificativa, pois o que interfere na sua formação é sua condição social. E a gente sabe que há muitas pessoas com deficiência com condição financeira, aproveitando gratuidade em cinema, no teatro qualquer outra "vantagem". Reinvindicar a melhiria do acesso aos meios de informação e conhecimento é fundamental, ir atrás dos seus direitos é um dever nosso, lutar pela melhoria da estrutura arquitetonica e contra as barreiras atitutinais também é uma boa ideia. 
Mas porque as pessoas com deficiência precisariam de priviolégios se a acessibilidade fosse cumprida? Já temos leis para isso, então reivindique-se essas leis, e não um beneficio que merece seus méritos mas que não pode ser banalisado.
Se fossemos nos guiar pelo politicamente correto faltariam cotas para todas as minorias... Além disso, as cotas não podem ser usadas como estandarte politico partidário.
Toda essa discussão tem que ir além do acesso à universidade. Se a pessoa com deficiência recebe a cota, entra na universidade, como ela vai continuar lá? o que vai acontecer quando ela sair? Por exemplo, no campus da ufrgs cota pra um cadeirante no capus do vale como será cumprida?
Mas o pior e mais grave de tudo isso: muitas pessoas com deficiência conseguem sucesso em suas profissões - sem cota - e comprovam que a deficiência está no ambiente e não na diferença corporea do sujeito. Muito já conseguimos para diluir barreiras atitudinais embora haja longo caminho ainda. Já avançamos largos passos para mostrar que podemos ser independentes, autonomos e que temos capacidade de ter sucesso quando os meios nos são providos.
Agora aparecem pessoas que não tem conhecimento ou embasamento para debater a questão e simplesmente tentam colocar por agua abaixo toda essa luta, reivindicando o assistencialismo e o paternalismo estatal. 
As cotas são um atestado de incapacidade e de imcompetência das pessoas com deficiência, atestado que eu não assino jamais. A gente sabe que existem muitas pessoas com deficiência que adoram choramingar e fazer papel de vítima, isso é muito cômodo para muitos. Ser a vítima transfere responsábilidades, mas limita o universo de possibilidades.
Respeito essas posturas, mas não me peçam para concordar e agir do mesmo jeito. Continuarei reivindicando os meus direitos, lutando pelo que eu acho certo. Não porque eu me ache uma vítima da sociedade, mas porque eu acredito que a demonstração de competência e qualidade é exemplo para aqueles que duvidam da capacidade de alguém com deficiência. Primeiro faço a minha parte, depois eu faço as cobranças.
Concordando ou não essa é minha modesta opinião.


Curso de Extensão “Educação, Cultura e Acessibilidade”,

Está no ar o blog do Curso de Extensão “Educação, Cultura e Acessibilidade”, que acontece na Faculdade de Educação da UFRGS. As aulas serão ministradas pelos professores coordenadores Felipe Leão Mianes e Mariana Baierle Soares e por professores convidados. Os encontros ocorrem nas terças a noite, de setembro a novembro.
Mais informações pelo link:
http://cursoeducabilidade.blogspot.com.br/

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Documentário Olhares estreia dia 16/05

Link para ouvir o audio:
http://www.youtube.com/watch?v=-FN5nP3K2_E&feature=youtube_gdata

É com imensa alegria que comunico a todos que no próximo dia 16 de maio (quarta-feira) acontece a primeira exibição do documentário OLHARES, dentro da programação do II Seminário Nacional de Acessibilidade da UFRGS (inscrições e programação completa: http://acessibilidadecultural.wordpress.com).

A exibição do filme será seguida por um debate coordenado pelos diretores ( Felipe Mianes e Mariana Soares). Ah, e como não poderia deixar de ser, “Olhares” conta com audiodescrição!

Descrição da foto: Sobre a imagem, o título “Olhares” em destaque, centralizado e em letras amarelas. Visto de cima e levemente desfocado, um piso de pedras portuguesas claras com rejunte escuro. À esquerda, uma bengala branca corta a imagem de cima a baixo. No centro, um pé com tênis preto e parte da perna de uma pessoa de calça jeans azul.



FICHA TÉCNICA
Título: Olhares
Ano: 2012
Direção: Felipe Leão Mianes (historiador e doutorando em Educação pela UFRGS) e Mariana Baierle Soares (jornalista e mestre em Letras pela UFRGS). Ambos com deficiência visual, são pesquisadores na área da produção cultural e prestam consultoria sobre acessibilidade e audiodescrição
Gênero: documentário
Sinopse: Documentário sobre o acesso à cultura por pessoas com deficiência visual. Indivíduos cegos e com baixa visão trazem diferentes olhares sobre suas próprias experiências de vida, debatendo os problemas e as potencialidades de sua inclusão cultural por meio de recursos como a audiodescrição. Relatos que nos desafiam a refletir: É apenas de inclusão que precisamos? O que seria realmente a inclusão?
EXIBIÇÃO
Data: 16 de maio (quarta-feira), dentro da programação do II Seminário Nacional de Acessibilidade da UFRGS
Local: Auditório da Faculdade de Arquitetura da UFRGS (Rua Sarmento Leite, 320 – Centro – Porto Alegre)
Horário: das 16h às 18h