segunda-feira, 28 de março de 2016

Os professores "lado B"

Muita gente acredita que o fato de uma pessoa ter a docência como profissão faz dela alguém melhor e de conduta mais ilibada que os demais, sendo bem comum ouvirmos a frase: "isso que é professor heim". Isso não é exatamente uma verdade, pois conheço professor que assediaram alunos moralmente, outros que são preconceituosos e discriminam crianças e jovens com deficiência, só para ficar na seara que costumo analisar.
Não posso afirmar se são minoria ou não, o fato é que existem muitos professores que não honram seu dever de ajudar a construir o conhecimento e fazer um mundo melhor. É pública e notória a quantidade de docentes que são fundamentalistas religiosos, conservadores e que agem na contramão da lei. Uma profissão não confere capacidade maior ou menor a alguém por si mesma, aliás, nada se configura como maior ou menor per si.
Eu já escrevi muitas vezes sobre o importante papel social do professor e da necessidade de sua valorização tão ou maior que a dos médicos, advogados e engenheiros, mas desta vez optei por ver a situação de outro ângulo, o daqueles que envergonham a nossa classe, e que não são poucos. Por isso, embora me cause incomodo, sempre é preciso confiar desconfiando eem certos momentos. Eu se fosse pai, sempre confiaria mais no que diz o meu filho do  que na palavra de um professor, e se esse questionasse a legitimidade do mesmo, teria a certeza de se tratar deum professor mal intencionado e de caráter duvidoso.
Fosse o professor imune aos defeitos de índole, nunca teríamos docentes agredindo alunos, não teríamos ambientes de trabalho escolar com conflitos pessoais ou coisas do tipo. Caso isso fosse verdade, não haveria nenhum colega apoiando ditadores, golpistas e usando os conhecimentos que dizem ter para ajudar a manter as desigualdades sociais de nosso país.
Discriminar pessoas com deficiência é um ato escatológico de tão nojento, mas existem ainda muitos professores que o fazem, alguns abertamente e outros nem tanto. Todas as semanas me chegam relatos de professores que lidam direta ou indiretamente com crianças e jovens com deficiência e a primeira reação é "esse dai precisa de um cuidador especial", ou "tenho 12 alunos e um de inclusão" quando na verdade são 13 alunos (nesse caso, eu diria que são 12 alunos, um de inclusão e uma anta como regente)..
Muitos até, acreditam que essas crianças por terem alguma deficiência são ingênuas e simplesmente destilam comentários jocosos sobre a mesma, no entanto, muitos de nós aprendem a ter esperteza e saber mais do que se imagina. Isso pode gerar desconforto, sensação de deslocamento e insegurança nos alunos  Com a ampliação dos processos de inclusão esses fatos tem acontecido com mais frequência e a tendência é que essas dificuldades aconteçam até que a sociedade crie uma cultura de respeito à diferença.
Muitos professores das gerações anteriores não reciclaram suas práticas e creem, equivocadamente, que coagindo ou sendo enérgica com seus alunos ganharam seu respeito. Talvez alguns imponham medo, o que não é a mesma coisa.  Outros usam a tática de "dar o tapa e esconder a mão", tratando os alunos com dissimulação e um falso carinho para via de regra encobrir erros cometidos. Eu conheço casos até de docentes que vasculham a vida de pais de alunos em busca de algo para usar contra os mesmos.
Não estou aqui querendo dizer que todos agem assim,muito pelo contrário, estou falando daqueles que independentemente de ter uma licenciatura são profissionais e indivíduos mal caráter, e que isso existe em todas as profissões, não estando a nossa livre dessas "laranjas podres". Não são apenas os políticos que agem sem ética e sem respeito ao outro, muitos de nós também o fazem. Assim,não critico toda a classe, e sim aos que se enquadram nas categorias que elenquei até aqui, os que são do "lado B".
Amo  a minha profissão e não saberia  fazer outra coisa, acreditando também que somos capazes de fazer a diferença para construir uma sociedade onde mais do que incluir, se acolha. Mas não concordo com certa santificação que se faz de nosso ofício como se todos os professores tivessem sempre razão ou que suas intenções sejam as melhores em todas as ocasiões. Todas as pessoas tem defeitos e qualidades independentemente do trabalho que escolheram e isso reflete em suas práticas qualificadas ou não.
Assim, é preciso fazer a hipercritica de nossas práticas sem as concepções de que existe uma profissão com maior ou menor valor, que existe um tipo de pessoa que seja boa simplesmente por exercer essa tal profissão. 
Felizmente, conheço poucos professores "lado B", e os que tenho  o desprazer de cruzar pelo caminho, logo dou jeito de lhes dar o tratamento merecido de acordo com o suas faltas e do meu alcance para ajudar a mostrá-las, pois jamais serei conivente com os erros de quem quer que seja, mesmo sendo colega de profissão, só assim estarei cumprindo  plenamente com minhas atribuições de tornar o mundo um lugar melhor..

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