quarta-feira, 18 de julho de 2012

Um oásis de acessibilidade - show de Luiza Caspary no Sons da Cidade

Ontem no projeto Sons da Cidade pude desfrutar de um prazer incomensurável. Foram dois shows, de Flávi Adonis e Luiza Caspary (anteriormente divulgado aqui).
Não sou músico e nem crítico do tema, por isso me deixo levar muito mais pela emoção e por aquilo que me toca do que se a afinação ou a harmônia estava isso ou aquilo.
No show de Flávio Adonis - a quem não conhecia - gostei muito das músicas, sobretudo das letras que remetem ao cotidiano, demonstrando criatividade e trabalho intenso de composição dos versos.
Mas, escrevo mesmo, motivado pelo show da Luiza Caspary. Uma artista de primeira grandeza, e que apesar de "baixinha" como ela mesma se descreveu, quando entra no palco parece ser gigantesca, dada sua presença de palco e carísma. Artista versátil, passa por diferentes estilos musicais e canta em português, inglês e espanhol, com a mesma qualidade. Também deve ser dito, que sua banda está plenamente à altura do potencial de Luiza, o que torna tudo ainda mais belo e pulsante.
Eu teria tanta coisa para dizer das coisas que me agradaram nesse show, que eu poderia escrever umas dez postagens. A releitura de Ela disse adeus, do Paralamas do Sucesso, ficou até melhor do que a versão original - que já é ótima. Contudo, eu prefiro as canções de autoria de Luiza, das quais poderia falar mais e mais.
Emocionante ouvir O caminho certo, que é uma linda música, tanto por sua letra e melodia, quanto por aquilo que ela representa para as pessoas com deficiência visual em sua acessibilidade e inserção cultural. Pois, o clipe da canção foi o primeiro a contar com o recurso de audiodescrição, algo lindamente revolucionário.
O que mais me alegra é saber que Luiza faz isso por convicção, que acredita de fato que acessibilidade é uma maneira de sensibilizar e acessibilizar sua arte, e não o faz por razões  apenas politicamente corretas, o que torna sua atitude ainda mais louvável e exemplar. Creio que, ela seja a única artista que tem esses atributos - ao menos que eu conheça.
Ontem, antes de começar o show, Luiza fez questão de se descrever, de fazer o mesmo com os músicos e com o palco. Eu nunca tinha me sentido tão acolhido, tão sensibilizado e tão empolgado pelo fato de poder fazer parte do esptáculo como todo mundo. A disposição no palco e caracteristicas físicas dos artistas foram detalhes perto dessa atitude grandiosa de se preocupar com seu público, de incluir sem ser apenas no discurso, de proporcionar essa acolhida de maneira natural e tão necessária.
Havia um considerável número de pessoas com deficiência visual na plateia, o que comprova que essas pessoas VÃO SIM a espetáculos artisticos, mas que precisam de projetos e/ou verbas - não de caridade, mas de seus direitos garantidos em lei - que promovam a acessibilidade e a AD.  Além disso, as grandes auidodescritoras Mimi Aragón e Márcia Caspary fizeram a AD para esse público  durante todo o show.
Na minha opinião, Luiza é uma revolucionária, e das mais importantes. Isso porque, faz a AD porque acredita de coração nisso. Precisamos de mais pessoas como ela, que pensem na acessibilidade como um recurso sério, profissional e comprometido, mas que sempre têm a ver com o ato de emocionar, de sensibilizar e de tocar no mais fundo de cada um de nós. tenho certeza que ontem saimos do teatro com felicidade, acolhimento e um gostinho doce de quero mais...

2 comentários:

  1. Felipe... por que fazer a gente se emocionar desse jeito? Que palavras lindas!.. Nos motiva ainda mais a querer produzir acessibilidade!! Isso é uma causa grande, justa, emocionante e integradora! É nossa razão de trabalhar e ser feliz! Que presente maravilhoso e que baita energia boa o público que prestigiou o show! Que aconteçam cada vez mais daqui pra frente! Vamos nos tornar uma multidão e nossa voz soará nos corações!
    Grande abraço!

    ResponderExcluir
  2. A pessoa só esqueceu de se identificar: Marcia Caspary.

    ResponderExcluir