Hoje, enquanto caminhava na manhã ensolarada ouvindo a música Menina do Jornal, de Adriana Deffenti, Meus pensamentos se depararam de frente com um dilema quase universal. Quando vivemos momentos de felicidade, sempre há um porém. Nunca deixa de nos habitar aquela sensação de desencaixe entre como as coisas são e aquilo que utopicamente imaginamos como se perfeitas fossem.
Creio que essa sensação de incompletude e desejo de ir alem, é a mola propulsora da humanidade e, ao mesmo tempo, seu pecado mais mortal. Há que se conformar que a vida é feita também com virgulas, reticencias e poréns. Por mais que nos declaremos felizes, há sempre por trás - ou na frente - algo que nos incomoda, e que desejamos solucionar para que nossos dias sejam de plena alegria. Lamento, mas isso é uma doce ilusão.
Exemplo disso, é minha imensa felicidade pela aprovação merecida de duas amigas para o Doutorado em Educação na UFRGS, PORÉM, uma amiga tão querida quanto as já citadas, não foi aprovada. É obvio que a minha alegria é do tamanho do mundo pelo total mérito das amigas que passaram, porém - sempre ele -, fiquei bem triste, abatido e com aquele gostinho amargo de frustração pela amiga não aprovada. Como dizer que estou feliz sabendo que uma pessoa que muito estimo não está? Como não me sentir culpado por estar alegre mesmo assim?
Malditos sejam os poréns. Meu desejo de que tudo fosse perfeito é do mesmo tamanho que a consciência que tenho de que isso é impossível. Talvez o segredo da felicidade seja justamente saber conviver com as arestas que nos molestam. Aprender que os poréns que nos alfinetal são como um despertar do mundo de poliana, para que caia-mos na realidade da existência, tão extasiante quanto dolorosa - ou vice versa. Acho que a vida é como uma torta de limão - minha predileta -, inigualavelmente doce e saborosa, porém, às vezes nos deixa com aquele gosto amargo por um tempo.
Não estou aqui dizendo-me amargurado, pelo contrário, minhas constantes alegrias provêm do fato de cada dia mais eu aprender a lidar com os poréns. Podemos fazer do porém um bem. Isso porque, quanto mais amarguras vivemos, mais força temos para correr em busca do doce sabor da felicidade; Assim, como diria o cancioneiro: então corra... corra...
Nenhum comentário:
Postar um comentário