Por conta da exibição do documentário Olhares no Santander Cultural, ocorreu relativa cobertura da mídia, ressaltando a importância da temática e o interesse de alguns veículos em propor os debates sobre acessibilidade e acesso à cultura por pessoas com deficiência visual. E, isso denota também que Olhares é uma obra simples, sem recursos, mas de grande ressonância social.
Abaixo os links com as matérias:
Entrevista na FM Cultura
http://www.youtube.com/watch?v=bHIXRc3pI_k
Entrevista no programa Estação Cultura da TVE
http://www.youtube.com/watch?v=G03r4wqz9uA
Reportagem no programa Band Cidade da BandRS
http://www.youtube.com/watch?v=J5bos4gUrmc&feature=relmfu
Um espaço para exposição de minhas ideias e percepções de mundo, debatendo dentre tantos temas, sobre as questões relacionadas às pessoas com deficiência visual, acessibilidade e inclusão. Não espero apresentar soluções, mas ser provocativo e pôr em xeque as certezas
segunda-feira, 23 de julho de 2012
quarta-feira, 18 de julho de 2012
Um oásis de acessibilidade - show de Luiza Caspary no Sons da Cidade
Ontem no projeto Sons da Cidade pude desfrutar de um prazer incomensurável. Foram dois shows, de Flávi Adonis e Luiza Caspary (anteriormente divulgado aqui).
Não sou músico e nem crítico do tema, por isso me deixo levar muito mais pela emoção e por aquilo que me toca do que se a afinação ou a harmônia estava isso ou aquilo.
No show de Flávio Adonis - a quem não conhecia - gostei muito das músicas, sobretudo das letras que remetem ao cotidiano, demonstrando criatividade e trabalho intenso de composição dos versos.
Mas, escrevo mesmo, motivado pelo show da Luiza Caspary. Uma artista de primeira grandeza, e que apesar de "baixinha" como ela mesma se descreveu, quando entra no palco parece ser gigantesca, dada sua presença de palco e carísma. Artista versátil, passa por diferentes estilos musicais e canta em português, inglês e espanhol, com a mesma qualidade. Também deve ser dito, que sua banda está plenamente à altura do potencial de Luiza, o que torna tudo ainda mais belo e pulsante.
Eu teria tanta coisa para dizer das coisas que me agradaram nesse show, que eu poderia escrever umas dez postagens. A releitura de Ela disse adeus, do Paralamas do Sucesso, ficou até melhor do que a versão original - que já é ótima. Contudo, eu prefiro as canções de autoria de Luiza, das quais poderia falar mais e mais.
Emocionante ouvir O caminho certo, que é uma linda música, tanto por sua letra e melodia, quanto por aquilo que ela representa para as pessoas com deficiência visual em sua acessibilidade e inserção cultural. Pois, o clipe da canção foi o primeiro a contar com o recurso de audiodescrição, algo lindamente revolucionário.
O que mais me alegra é saber que Luiza faz isso por convicção, que acredita de fato que acessibilidade é uma maneira de sensibilizar e acessibilizar sua arte, e não o faz por razões apenas politicamente corretas, o que torna sua atitude ainda mais louvável e exemplar. Creio que, ela seja a única artista que tem esses atributos - ao menos que eu conheça.
Ontem, antes de começar o show, Luiza fez questão de se descrever, de fazer o mesmo com os músicos e com o palco. Eu nunca tinha me sentido tão acolhido, tão sensibilizado e tão empolgado pelo fato de poder fazer parte do esptáculo como todo mundo. A disposição no palco e caracteristicas físicas dos artistas foram detalhes perto dessa atitude grandiosa de se preocupar com seu público, de incluir sem ser apenas no discurso, de proporcionar essa acolhida de maneira natural e tão necessária.
Havia um considerável número de pessoas com deficiência visual na plateia, o que comprova que essas pessoas VÃO SIM a espetáculos artisticos, mas que precisam de projetos e/ou verbas - não de caridade, mas de seus direitos garantidos em lei - que promovam a acessibilidade e a AD. Além disso, as grandes auidodescritoras Mimi Aragón e Márcia Caspary fizeram a AD para esse público durante todo o show.
Na minha opinião, Luiza é uma revolucionária, e das mais importantes. Isso porque, faz a AD porque acredita de coração nisso. Precisamos de mais pessoas como ela, que pensem na acessibilidade como um recurso sério, profissional e comprometido, mas que sempre têm a ver com o ato de emocionar, de sensibilizar e de tocar no mais fundo de cada um de nós. tenho certeza que ontem saimos do teatro com felicidade, acolhimento e um gostinho doce de quero mais...
domingo, 15 de julho de 2012
Pioneira em clipes musicais com AD, Luiza Caspary faz show em Porto Alegre dia 17 de julho,
Luiza Caspary, cantora e compositora de O CaminhoCerto, música cujo videoclipe foi o primeiro a ser audiodescrito no Brasil,sobe ao palco do Teatro Renascença, em Porto Alegre/RS (no Centro Municipal deCultura, Av. Erico Verissimo, 307, esquina com a Ipiranga, no lado oposto ao doprédio do jornal Zero Hora), na próxima terça-feira, 17 de julho, a partir das20h45. O show, com entrada franca, integra o projeto Sons da Cidade, promovidopela Prefeitura de Porto Alegre.
Luiza e sua banda (Daniel Fontoura na bateria, BrunoVargas no baixo e Gabriel Von Brixen na guitarra) tocarão canções do primeiroálbum da artista - também chamado O Caminho Certo, com lançamentoprevisto para o ano que vem -, e releituras de Raul Seixas, Paralamas doSucesso e Paul McCartney, a quem Luiza conheceu pessoalmente na última passagemdo ex-Beatle pelo Brasil. O show, com duração aproximada de 45 minutos, terá aparticipação de dois convidados: o baterista Valmor Pedretti e a também cantorae compositora Vaness Soares.
Pioneira em incluir a audiodescrição em seu trabalhoautoral, Luiza defende que a cultura seja cada vez mais acessível todos,especialmente a pessoas com deficiência. "Minha vontade é fazer todos meusclipes e shows acessíveis. Acho que os recursos de acessibilidade devem serobrigatórios e que nós, artistas, temos de estar mais atentos ao assunto.Porque o conceito de cultura precisa levar em conta que a produção artísticadeve chegar a todas as pessoas", afirma.
O videoclipe com audiodescrição (AD) de O CaminhoCerto pode ser conferido no link http://www.youtube.com/watch?v=i9y2zyUEGvA . A AD foi produzida pelo BLA! - Branco Laboratóriode Audiodescrição, grupo porto-alegrense que se dedica a estudar e promover orecurso.
Realizado desde 2006, o projeto Sons da Cidade temcuradoria de Paulo Moreira e leva dois shows todo mês ao Renascença. Assim, aabertura na próxima terça-feira, às 20h, ficará por conta do compositor eintérprete Flavio Adonis, acompanhado por Luke Faro na bateria, RodrigoRheinheimer no baixo e Vitor Peixoto nos teclados. Serão apenas 300 senhas,distribuídas no local a partir das 19h, uma hora antes de Adonis subir aopalco.
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Sons da Cidade.
Shows de Luiza Caspary e Flavio Adonis.
Teatro Renascença, Porto Alegre/RS.
17 de julho, terça-feira, a partir das20h.
Entrada franca (senhas limitadas nolocal a partir das 19h).
Informações: Coordenação de Música da SecretariaMunicipal de Cultura, fone (51) 3289 8119.
segunda-feira, 9 de julho de 2012
Fragmentos de um evangelho apócrifo
3. Desventurado o pobre de espírito,
porque sob a terra será
o que agora é na terra.
4. Desventurado aquele que chora, porque
já tem o hábito
miserável do pranto.
5. Ditosos os que sabem que o sofrimento
não é uma coroa
de glória.
6. Não basta ser o último para ser
alguma vez o primeiro.
7. Feliz aquele que não insiste em ter
razão, porque ninguém
a tem ou todos a têm.
8. Feliz aquele que perdoa aos outros e
aquele que perdoa a
si mesmo.
9. Bem-aventurados os mansos, porque não
condescendem
com a discórdia.
1O. Bem-aventurados os que não têm fome
de justiça, porque
sabem que nossa sorte, adversa ou
piedosa, é obra do acaso,
que é inescrutável.
11. Bem-aventurados os misericordiosos,
porque sua felicidade
está no exercício da misericórdia e não
na esperança
de um prêmio.
12. Bem-aventurados os de puro coração,
porque vêem Deus.
13. Bem-aventurados os que padecem
perseguição por causa
da justiça, porque lhes importa mais a
justiça que seu dêstino
humano.
14. Ninguém é o sal da terra; ninguém,
em algum momento de
sua vida, não o é.
15. Que a luz de uma lâmpada se acenda,
embora nenhum
homem a veja. Deus a verá.
16. Não há mandamento que não possa ser
infringido, e também
os que digo e os que os profetas
disseram.
17. Aquele que matar pela causa da
justiça, ou pela causa que
ele crê justa, não tem culpa.
18. Os atos dos homens não merecem nem o
fogo nem os céus.
19. Não odeies teu inimigo, porque, se o
fazes, és de algum
modo seu escravo. Teu ódio nunca será
melhor que tua paz.
20. Se te ofender tua mão direita,
perdoa-a; és teu corpo e és
tua alma, e é árduo, ou impossível,
precisar a fronteira que
os divide...
24. Não exageres o culto da verdade; não
há homem que no
fim de um dia não tenha mentido com
razão muitas vezes.
25. Não jures, porque todo juramento é
uma ênfase.
26. Resiste ao mal, mas sem assombro e
sem ira. A quem te
ferir na face direita, podes
oferecer-lhe a outra, sempre que
não te mova o temor.
27. Não falo de vinganças nem de
perdões; o esquecimento é a
única vingança e o único perdão.
28. Fazer o bem a teu inimigo pode ser
obra de justiça e não é
árduo; amá-lo, tarefa de anjos e não de
homens.
29. Fazer o bem a teu inimigo é o melhor
modo de agradar a
tua vaidade.
30. Não acumules ouro na terra, porque o
ouro é pai do ócio,
e este, da tristeza e do tédio.
31. Pensa que os outros são justos ou o
serão, e, se não é assim,
não é teu o erro.
32. Deus é mais generoso que os homens e
os medirá com
outra medida.
33. Dá o santo aos cães, atira tuas
pérolas aos porcos; o que
importa é dar.
34. Procura pelo prazer de procurar, não
pelo de encontrar...
39. A porta é a que escolhe, não o
homem.
40. Não julgues a árvore por seus frutos
nem o homem por
suas obras; podem ser piores ou
melhores.
41. Nada se edifica sobre a pedra, tudo
sobre a areia, mas
nosso dever é edificar como se fosse
pedra a areia...
47. Feliz o pobre sem amargura ou o rico
sem soberba.
48. Felizes os valentes, os que aceitam
com ânimo semelhante
a derrota ou os aplausos.
49. Felizes os que guardam na memória
palavras de Virgílio
ou de Cristo, porque estas darão luz a
seus dias.
50. Felizes os amados e os amantes e os
que podem prescindir
do amor.
51. Felizes os felizes.
______
Jorge Luis Borges (poema publicado na obra Elogio da Sombra)
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