terça-feira, 3 de abril de 2012

Cegueira alvissareira

Eu não preciso enxergar.
Para ver o amor no gesto mais fugaz.
Posso apenas sentir e sublimar.
A felicidade não está naquilo que se pode olhar.

Meus olhos também podem chorar.
Com imensa dor ou deleite.
O que os olhos não veem.
O coração também sente.

Pelo tato conheço tudo.
Deslizo minhas mãos de leve sobre o mundo.
Tocando em espinhos e flores.
Paixões e rancores.

Não faço da cegueira um fardo.
Mas um cintilante pote de ouro.
Não amargo o que me falta.
Fico com o regozijo de um futuro venturoso.

Chegará o mais belo dos dias.
Que não precisarei deste poeminha.
Para desfraldar a bandeira de nossa alegria.
De uma cegueira que se mostra alvissareira.
...
Felipe Leão Mianes

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