Ás
vezes me pergunto quanto tempo de nossas vidas passamos transferindo nossas
próprias responsabilidades morais (a palavra moral tratada aqui no sentido de
conduta e costumes considerados ideais) para os outros. Presta-se tanta atenção
nos erros do próximo, que esquecem os seus. Exemplo
disso, é o fomento ao nocivo “jeitinho brasileiro” – quase um patrimônio
histórico imaterial da nação tupiniquim. Muitos classificam os políticos como
corruptos, mas quando tem a mínima chance burlam a lei para levar vantagem nem
que seja “só um pouquinho” não hesitam em fazê-lo.
Por
um lado exalta-se a honestidade, que para mim não é nada mais do que obrigação
de cada sujeito. Por outro lado, muitos ficam perplexos quando aparecem casos
de “extrema” honestidade, e até dizem: ”como foi bobo de não se aproveitar da
situação”. Ou ainda, justificam sua malandragem dizendo que “todo mundo faz,
porque eu não?”. Duvido alguém nunca ter feito ou ouvido isso.
Já
alerto aqui que não me acho nenhum santinho, algumas vezes já cometi equívocos
e usei do tal “jeitinho”, mas também é verdade que me arrependo dessas
situações. Por isso, não sou nenhum justiceiro da moral.
Conhecemos diversas histórias que nos são contadas, com um ar de satisfação, no qual a pessoa se jacta de sua esperteza e malandragem. Histórias como: “paguei uma cerveja e tudo se resolveu”, “dei um jeitinho e burlei o sistema, como sou esperto”, “estacionei na vaga dos aleijados, mas é só por um minutinho” ou “cada um que pense no seu, os outros que se f...”.
Vejo muitas manifestações na mídia e nas redes sociais no sentido de lutar contra a corrupção e moralizar o país, bradando contra os desvios de dinheiro ou contra a impunidade. Não há como ser contrário a isso, mas, será que muitos não fazem o mesmo em pequena escala? Será que muitos não enxergam apenas o próprio umbigo? Muitos que não enxergam ou tem baixa visão, tem visão bem mais ampla que olhar só pra si próprio.
Conhecemos diversas histórias que nos são contadas, com um ar de satisfação, no qual a pessoa se jacta de sua esperteza e malandragem. Histórias como: “paguei uma cerveja e tudo se resolveu”, “dei um jeitinho e burlei o sistema, como sou esperto”, “estacionei na vaga dos aleijados, mas é só por um minutinho” ou “cada um que pense no seu, os outros que se f...”.
Vejo muitas manifestações na mídia e nas redes sociais no sentido de lutar contra a corrupção e moralizar o país, bradando contra os desvios de dinheiro ou contra a impunidade. Não há como ser contrário a isso, mas, será que muitos não fazem o mesmo em pequena escala? Será que muitos não enxergam apenas o próprio umbigo? Muitos que não enxergam ou tem baixa visão, tem visão bem mais ampla que olhar só pra si próprio.
Então,
a deficiência moral parece bem mais séria do que a corporal. Antes de criticar um comportamento alheio, de um ator, político, cantor ou
esportista, já não fizeste o mesmo? Parafraseando a poetiza Eliza Lucinda, só
pra sacanear eu continuarei sendo honesto, cumprindo as normas e agindo de
acordo com a lei.
Sempre
que alguém leva vantagem em demasia, outro sujeito fica no prejuízo, mas quem
se dá bem pouco se importa com isso. Onde iremos parar se cada um quiser levar
mais vantagem sobre os outros? Talvez por isso eu não tenha nenhuma pena
daqueles que levam algum golpe por ter ganância de algum beneficio, tipo o
golpe do bilhete premiado por exemplo.
Vale
a pena repensar as atitudes cotidianas de não estacionar nas vagas para pessoas
com deficiência, de não furar as filas, de copiar ideias ou citações alheias,
de não dar um “jeitinho”, de não corromper um agente público e uma infindável
lista de deficiências morais. Ninguém é perfeito sempre, mas é escatológico
passar a vida querendo levar vantagem sempre Roubar uma caneta de uma
repartição publica é semelhante a desviar dinheiro do governo, o tamanho é diferente,
mas, o crime é o mesmo. Roubar uma frase ou uma ideia inteira sem citar, tem
tamanhos diferentes, mas a desonestidade é a mesma.
A
deficiência moral não é um problema apenas do outro, mas sim de nós mesmos.
Essa deficiência não está nas cartilhas médicas ou escolares. O bom caráter é
quase peça de museu, quase uma joia rara, se conhece algum fique sempre ao seu
lado.
Mudemos
a noção de “vantagem em tudo” para a de “vantagem de todos”. Façamos da
honestidade algo corriqueiro quanto respirar. Mas... se não quiseres seguir
isso é algo que te cabe, não sou nenhum messias ou condutor de verdades, mas
posso dizer que faço a minha parte. Não dou lição de moral, nem escrevo
bobagens de auto-ajuda, mas é sempre bom lembrar que a malandragem é o RG da
incompetência...
Felipe,
ResponderExcluir"A malandragem é o RG da incompetância"!!! Adorei essa frase de encerramento.
Enquanto os brasileitos derem um "jeitinho" para resolver tudo, a incompetência e a corrupção vão perpassar todas as esferas da nossa sociedade.
Ao roubar uma caneta ou desviar dinheiro do governo, falaste bem, o crime é o mesmo.
Excelente texto. Otimas observações! abraço, Mariana