Escrevo esta postagem com o objetivo de divulgar uma situação ocorrida ontem, 19/03/2012, onde em um jornal de grande circulação (o que não significa qualidade) de Porto Alegre, chamado Zero Hora publicou na coluna do... bem até hoje não sei de fato o que ele é, mas escreve para o jornal, um senhor chamado Paulo Sant'anna, mais conhecido por suas fanfarronices do que por pensamentos lógicos. Nesta coluna, ele desfila uma s´perie de preconceitos e estereótipos, mencionando fundamentalmente que os cegos são pessoas infelizes, pobres coitadas que vivem um sofrimento incomensurável. Considera-os sujeitos solitários de quem ninguém deseja estar ao lado, e que por isso mesmo o fato de não enxergarem faz de suas vidas uma imensa infelicidade.
Como era de se esperar, fiquei profundamente indignado, primeiro porque não percebi nenhuma manifestação de repudio de outros cegos ou associações, e segundo, pela forma como esse sujeito se referiu a um grupo de pessoas que merece respeito e consideração, e nâo mais preconceito.
Sei que o pensamento dele é semelhante ao de muita gente na sociedade, embora muitos estejam escondidos por trás do politicamente correto. Ao contrário de revolta, isso me estimula a continuar com meu trabalho e com minha vida FELIZ.
Eis o e-mail que enviei ao tal colunista, que sei, dificilmente será reproduzido e que portanto, o faço aqui, para conhecimento de todos:
"Boa noite.
É com imensa alegria que lhe esvrevo para debater sua coluna do dia de hoje. Não com alegria pela série de inverdades e de despaltérios proferidos pelo senhor, mas alegria, por que ao contrário do que o senhor pensa, eu sou cego e feliz. Para mim a cegueira é uma caracteristica que ostento com muito orgulho, pois nós ao contrário daquilo que ...infelizmente pensas, nós enxergamos bem mais do que muita gente, não vemos a beleza fisica, mas a interior. Não enxergamos as cores do mundo nem as formas desse mundo, mas sabemos direitinho como ser capazes de construirmos nossas próprias Imagens. Sou cego e feliz, tenho uma esposa, uma casa, um emprego, amigos. Vou ao cinema, ao tetaro, a espetáculos musicais e me relaciono com muita gente inteligente e que me fazem esquecer que o preconceito ainda existe. Pena que o senhor com sua coluna, me lembrou que ele ainda existe. Não creio que a cegueira seja digna de pena, afinal Jorge Luis Borges - conheces esse autor? espero que sim - era cego, e dizia que a cegueira é um dom. Sim um DOM, pois nós vemos muito mais do que as imagens nos mostram, muito mais do que a raza compreensão de quem pensa que a felicidade está em se contentar com aquilo que enxerga. Fiquei chateado com suas observações, pois, é claro que existem cegos que são tristes, assim como há colunistas de jornal, ébrios, médicos, mendigos, politicoas que também o são. Felicidade não se mede por ter ou um não um sentido, pois de que adianta ter percepção sensorial se não souber o que fazer com ela? De minha parte são manisfestações como a sua, que me fazem ser ainda mais orgulhoso da cegueira que tenho, me sinto orgulhoso por ser feliz e cego, por "mesmo" sendo cego estar rodeado de pessoas que me amam. A cegueira fez de mim um homem integro, pagador de seus impostos, sim, o senhor pode não acreditar, mas a cegueira me deu uma profissão, a de professor.
Sou professor porque acredito que possamos mudar a mentalidade e o senso comum, os preconceitos e as discriminações, não sei de pessoas idosas, mas dos jovens podemos, para que eles não façam como fizeste, julgando alguém por algo que de fato não conheces. Que tal conhecer mais pessoas cegas e ver se é verdade aquilo que escreveste em sua coluna?
Mais vale ser cego dos olhos do que cego de ideias.
Atenciosamente
Felipe Leão Mianes - cego feliz"
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