domingo, 30 de dezembro de 2012

O ano que vem é hoje, o futuro nunca espera!

Se 2013 for igual a 2012 eu já me dou por muito satisfeito, afinal, foi um ano repleto de alegrias e realizações pessoais. Profissionalmente foi o melhor ano da minha vida:
No campo academico foi tudo como o esperado, publiquei artigos cumpri minhas funções de pesquisador e principalmente escrevi meu projeto de tese, que brevemente irei qualificar. gostei do texto e percebi a evolução na minha escrita e nos meus modos de pesquisar e considero que estou na melhor fase como pesquisador, embora ainda tenha muito a evoluir, o que me deixa estimuladissimo.
Fiz diversos trabalhos como audiodescritor, fazendo parte da família Tagarellas inovadora no modo de fazer AD e um exemplo de como trabalhar com seus audiodescritores consultores. Participei de sucessos retumbantes como Colegas - O filme, e da AD do espoetáculo de dança Não me toque estou cheia de lágrimas - sensações de Clarice Lispector, dentre outros projetos de AD . Foi lançado o documentário Olhares, que co-dirigi coma amiga Mariana Baierle, outro baita sucesso que levou nosso trabalho para além das fronteiras gaúchas e nos abriram muitas portas devido ao apreço do público pelo nosso trabalho.
Fazer audiodescrição é a coisa que mais me dá prazer na vida, é a razão pela qual levanto todos os dias com sorriso no rosto e vontade de trabalhar duro e com dedicação e animação. É um dos motivos que me faz ter certeza que tudo dará certo mesmo nos momentos dificeis.
Mais do que escrever, eu gostaria de compartilhar um poema que eu li no livro Fotografias poéticas de um olhar viajante, escrito por Sara Bentes. Conheci o trabalho de Sara a pouco tempo, mas o suficiente paraque eu já admire muito suas ideias seja como escritora, compositora e cantora, ela escreveu a LINDISSIMA canção chamada Pra quê, um verdadeiro hino pra nós com deficiência visual. Deixo-os com essas belas palavras desejando um 2013 com saúde, paz e com todos os nossos objetivos alcançados. Para os bons, tudo vai dar certo e melhor do que o esperado; para os maus, se preparem que a casa vai cair.
 
Descrições (Sara Bentes)
ele me faz uma cena de cinema;
ela me faz rir demais!
O outro me traz o relevo até as mãos;
a outra usa comparação.
Ele me pinta um quadro detalhado;
ela diz o essencial;
uma aproveita tudo o que eu já conheço,
o que me é familiar,
um já me faz parecer tudo mais lindo,
dizendo o que ele quer ver.
Todo o encanto que a paisagem lhes provoca;
gostoso é perceber!
Pelos seus gritos, sorrisos, euforia.
sinto a beleza no ar, no calor das mãos que felizes me apertam,
pra depois então falar,
descrever tão intraduziveis visuais;
quase impossível missão...
E todos tentam, cada um da sua forma,
dividir sua visão,
com seus olhares perfeitos e únicos,
cada um revela seu ser,
completando meu mundo, permitindo-me ver.
Eles estão ali, sem bem perceberem,
derramando seus universos em mim,
A beleza do tato, audição, ofato e paladar lhes faço lembrar.
Ele me faz uma cena de cinema;
e é onde eu me sinto estar.
 
Sara Bentes - Pra quê

 
 
 
 

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

2º ENCONTRO NACIONAL DE AUDIODESCRIÇÃO

Dos dias 13 a 15 de dezembro, acontece em Juiz de Fora o II Encontro Nacional de audiodescrição, que terá diversas e qualificadas atividades para debatermos sobre os rumos da audiodescrição no Brasil, desde o registro da profissão de audiodescritor até os desafios a serem enfrentados para a ampliação e qualificação da audiodescrição em nosso país.
Será um momento importante que reunirá os principais audiodescritores do Brasil, além outros vértices importantes para a consolidação do recurso, como produtores, membros das secretarias nacionais de direitos humanos e da cultura, produtores culturais, audiodescritores e público do produto.
As discussões também têm como objetivo elaborar um documento que sirva para balizar ações e intenções futuras sobre a audiodescrição em todo território nacional. Esse documento será muito importante para estabelecer metas e atividades conjuntas entre os diversos vértices da cadeia produtiva.
Certamente, será também um momento de congraçamento e interação entreo os audiodescritores e o público do encontro, compartilhando experiências, estabelecendo contatos profissionais e pessoais que são de extrema importância para o crescimento da audiodescrição, e de nós que atuamos na área.
Fiquei muito emocionado e lisonjeado com o convite que a comissão organizadora me fez para participar de uma das mesas redondas que tem como tema o público da audiodescrição. Primeiro, porque a AD é uma das coisas mais importantes e prazerosas da minha vida ultimamente, pois tenho trabalhado e me aprimorado como consultor, tendo formação e estudo para tal. Em minhas pesquisas também analiso a AD, mas é diferente ser consultor e público, poder participar ativamente de diversos produtos audiodescritos e eventos que foram sempre um sucesso.
Segundo, como acadêmico e estudioso na área da acessibilidade, será um evento que me proporcionará muito conhecimento e ideias que hão de advir dos debates e oficinas a serem realizadas.  
E, terceiro, que terei a oportunidade de conhecer, compartilhar e debater com pessoas que considero de primeira grandeza quando o tema é AD, caso do Paulo Romeu, Lara e Graciela Pozzobon, Eliana Franco e minha “ídola mor”, Lívia Motta. Sei que já tenho experiencia e idade suficiente para não ir a um evento e ficar tietando, mas essas pessoas realmente são referencias positivas para mim, que embora já tenha trabalhado bastante nessa área, tenho muito a aprender.
Enfim, tenho certeza que será um grande momento para todos nós e que esse encontro renderá muitos frutos, ao menos como um dos debatedores, farei o possível para que tenhamos a maior e melhor qualidade possível.
Abaixo, a programação do evento:
PROGRAMAÇÃO
13/12 – Quinta-feira
17h 30min - Inscrições e entrega de material
18h 30min - CERIMÔNIA DE ABERTURA:
Palavra do Reitor Prof. Dr. Henrique Duque - boas vindas e introdução ao tema do encontro;
Palavra da coordenadora do evento: Prof. Dra. Eliana Lúcia Ferreira.
 19h às 20h30min - MESA DE ABERTURA: AUDIODESCRIÇÃO E O ACESSO À CULTURA E À INFORMAÇÃO
Reitor da UFJF: Prof. Dr. Henrique Duque;
Representante da Secretaria dos Direitos Humanos: Sr. Antonio José Ferreira (Secretário Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência);
Representante da Organização Nacional de Cegos do Brasil: Clóvis Alberto Pereira;
Representante dos audiodescritores: Prof. Dra. Lívia Maria Villela de Mello Motta;
Representante do público consumidor: Paulo Romeu Filho.
20h30min - EVENTO CULTURAL (apresentação de longa-metragem com audiodescrição)
14/12 – Sexta-feira
9h às 10h30min - MESA REDONDA: POLÍTICAS PÚBLICAS PARA AMPLIAÇÃO DO USO DA AUDIODESCRIÇÃO NOS DIVERSOS SEGMENTOS
Secretaria de Direitos Humanos: Sérgio Paulo da Silveira Nascimento;
Ministério das Comunicações: Elza Maria Del Negro B. Fernandes;
Ministério do Trabalho: Cláudia Maria Virgílio de Carvalho Paiva;
MEDIADOR: Paulo Romeu Filho.
10h30min - CAFÉ
11h às 12h30min - MESA REDONDA: IMPLEMENTAÇÃO DA AUDIODESCRIÇÃO NOS DIVERSOS SEGMENTOS (FOCO NO PRODUTOR DE AUDIOVISUAIS)
MÍDIAS: Alessandra Savino;
TEATRO: Lara Valentina Pozzobon da Costa;
CINEMA: Marçal de Souza;
MEDIADORA: Marta Almeida Gil.
14h às 17h - OFICINAS
1. AUDIODESCRIÇÃO NO CINEMA
PROFESSORES: Bell Machado e Letícia Schwartz
2. AUDIODESCRIÇÃO NO TEATRO
PROFESSORES: Mimi Aragón e Nara Monteiro
3. AUDIODESCRIÇÃO NA TV
PROFESSORES: Leonardo Rossi Lazari e Klístenes Bastos Braga
14h às 17h - REUNIÕES TEMÁTICAS:
Em paralelo às oficinas acontecerão reuniões temáticas para discussão de assuntos relevantes ligados à formação e profissionalização do audiodescritor.
14h às 15h30min - PROFISSIONALIZAÇÃO DO AUDIODESCRITOR E MERCADO DE TRABALHO
COORDENADOR: Rodrigo Campos Alves
15h30min às 17h - COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS DO AUDIODESCRITOR
COORDENADOR: Maurício Santana
17h às 17h30min - CAFÉ
17h30min às 19h - MESA REDONDA - IMPLEMENTAÇÃO DA AUDIODESCRIÇÃO NOS DIVERSOS SEGMENTOS (FOCO NAS PESQUISAS ACADÊMICAS).
Eliana Paes Cardoso Franco - Universidade Federal da Bahia (UFBA);
Soraya Ferreira Alves - Universidade de Brasília (UNB);
Vera Santiago Araújo - Universidade Estadual do Ceará (UECE);
MEDIADORA: Elizabet Dias de Sá.
15/12 - Spabado
8h30min ás 10h - MESA REDONDA: IMPLEMENTAÇÃO DA AUDIODESCRIÇÃO NOS DIVERSOS SEGMENTOS (FOCO NO PRODUTOR DE AUDIODESCRIÇÃO)
Graciela Pozzobon da Costa;
Maurício Santana;
Lívia Maria Villela de Mello Motta;
MEDIADOR: Laércio Santana.
10h30min às 12h - MESA REDONDA: IMPLEMENTAÇÃO DA AUDIODESCRIÇÃO NOS DIVERSOS SEGMENTOS – FOCO NO PÚBLICO ALVO
Elizabet Dias de Sá;
Felipe Mianes;
Iracema Vilaronga;
José Vicente de Paula;
Gilson Mauro;
MEDIADOR: Marco Antonio de Queiróz;
12h às 12h30min - CERIMÔNIA DE ENCERRAMENTO COM LEITURA DO DOCUMENTO PRODUZIDO DURANTE O EVENTO.
Audiodescrição do evento:
Todas as atividades do Encontro serão audiodescritas por:
Jumara Bienias;
Luciamaria;
Márcia Caspary;
Maria de Fátima Angelo.

Mestre de cerimônias:
Rodrigo Almeida Simões da Silva
 

domingo, 2 de dezembro de 2012

Obrigado deficiência!

No dia 3 de dezembro é comemorado o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, e sem dúvida me sinto muito honrado em pertencer a esse grupo, pois se tenho a vida feliz que levo hoje é muito graças a ela. Sei que há muito ainda o que ser melhorado em nossas vidas seja na derrubada das barreiras arquitetônicas ou atitudinais. Mas também é preciso lembrar que temos muito a celebrar, afinal, muito já foi conquistado e ainda estamos construindo um mundo melhor a cada dia.
Se formos pensar no quanto a sociedade ainda precisa evoluir para que contemplem todas as especificidades e extingam todos os preconceitos e discriminações existentes, poderemos até esmorecer por ver que o caminho é longo e sem uma perspectiva de atingir os resultados esperados. As dificuldades que temos ainda são evidentes, e se apresentam cotidianamente.
Mas e se ao invés de mirar o horizonte cada um de nós se fixasse em dar um passo de cada vez? Que tal se a gente lutasse fazendo as pequenas mudanças, colocando um tijolinho por vez? E que tal se a gente fizesse as mudanças pensando no que nós podemos fazer de concreto e não naquilo que podem fazer por nós? Enfim, acho que são boas pautas de reflexão.
Para mim, hoje não é só um dia de reflexões quanto ao futuro e o que temos a reivindicar. Penso no nosso dia como uma celebração que deve ser levada a diante, mostrada a todos para que vejam que grupo grandioso e potente nós somos. Já temos algumas conquistas importantes e bastante a comemorar em termos das diminuições de barreiras que nos são impostas.
É preciso celebrar e reverenciar tantas pessoas que lutara até o fim da vida – ou morreram por tentar – para que um dia tivéssemos nossos direitos assegurados e que a vida de nós com deficiência fosse melhor. Pessoas que estudaram e que batalharam em todas as esferas sociais para que estivéssemos no patamar que hoje estamos.
Sei que há muitas pessoas a mencionar, mas reverencio aqui a memória de Ligia Assumção Amaral, grande professora e ativista nos direitos das pessoas com deficiência, em quem me inspiro cotidianamente para prosseguir produzindo e lutando, Foi uma pena que ela tivesse nos deixado a 10 anos, mas sua obra estará sempre viva. Onde estiveres, saibas que sou seu fã.
Por mais que muitas vezes eu seja pessimista, nesse caso eu me vejo pensando no copo meio cheio, pois se temos muito a conquistar, um longo caminho já foi percorrido, e por isso, acho que devemos lembrar de tudo que já conseguimos adquirir como direitos e em termos de diminuição dos preconceitos. Hoje prefiro pensar em um dia feito para comemorar as conquistas e celebrar as alegrias que a deficiência me traz.
Eu sempre convivi com a deficiência desde que me entendo por gente, e até meus vinte e poucos anos levei-a um pouco a tiracolo ao mesmo tempo em que tentava tangenciá-la. Isso fez com que eu perdesse muita coisa na minha vida, mas ganhasse outras tantas o que não permite que eu me arrependa de ter “descoberto” tão tarde que eu sou como sou graças a baixa visão. Há uns sete anos eu me vi diretamente de frente com o preconceito e com a discriminação de uma forma muito brutal e que marcou a minha vida para sempre. Como não é de tristezas que pretendo falar, deixo isso pra lá.
Foi então que uma luz se fez presente nos meus olhos quase fechados e na minha mente totalmente aberta, era o orgulho de ter baixa visão. Sempre soube que queria ser professor, mas a História – minha graduação – não era exatamente o que eu procurava, e sabia que eu queria trabalhar com pesquisas na área da cultura. O mundo deu muitas voltas e fiz da minha deficiência objeto de pesquisa, e fui crescendo como sujeito e como pesquisador, realizando esse sonho indescritível que é ser mestre e fazer doutorado em Educação.
Obrigado a minha orientadora Lodenir Karnopp por ter acreditado em mim, e obrigado aos meus olhos cheios de catarata por terem me mostrado esse caminho de tantas alegrias. Hoje sei que a felicidade mora em mim, e não estou aqui apesar da deficiência, mas sim por causa dela. Como dizia Borges “ter cegueira é um dom”, e sei que eu tenho usado esse dom com relativa sabedoria para ajudar a tantas pessoas, e mais que isso, ajudar a mim mesmo.
É por causa da deficiência que eu conheci pessoas muito estimadas como as amigonas Mariana Baierle, Janete Múller, Márcia Caspary e o Rafael Guiger. A Mariana é minha colega de direção do filme Olhares, outra conquista, pois até “cineasta” estou me tornando por conta da baixa visão, além de parceira em outros tantos projetos passados e futuros. Além disso, é uma pessoa especial, uma irmãzinha mais nova que faz lembrar eu mesmo a uns anos atrás.
Ter conhecido a audiodescrição foi uma das coisas mais felizes de toda minha vida, e me tornar audiodescritor é como o sol de todos os meus dias. Consegui isso porque tenho estudo, mas também porque tenho baixa visão. Ser consultor de Ad e consumidor do produto é algo fantástico e que eu agradeço diariamente por ter deficiência e poder participar como produtor dessa arte de audiodescrever.
Dou valor a tudo aquilo que tenho e que sou, mas tenho certeza que nada na minha vida seria tão lindo se eu não tivesse baixa visão, e não visse a vida de um jeito tão alto. Obrigado papai e mamãe por não me tratarem como um coitadinho, e me darem a educação e o melhor tratamento que alguém poderia querer.
Portanto, sei que existem ainda muitas dificuldades na vida de quem tem deficiência, mas às vezes é mais fácil fazer do obstáculo um degrau para continuar subindo do que sucumbir a ele. Lembrar com ternura e gratidão da baixa visão que trago comigo é um ato de amar a mim mesmo e a tudo que tenho e sou. Nesse dia especial para todos nós. Penso na deficiência não como um entrave, mas como um dom, um presente que eu aprendi a usufruir. Obrigado baixa visão, por ter a chance de perceber isso!

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

New York Café, acessibilidade e acolhimento em Curitiba

Desde a primeira vez que pisei em Curitiba foi amor à primeira vista. Adorei o clima da cidade - embora muitos detestem por conta da chuva e do frio - além da limpeza dos espaços e de uma sensação que não sei explicar mas que me toma sempre que circulo pelas ruas curitibanas. O sistema de transporte é relativamente bom, e existem muitos parques e espaços culturais para visitar.
Das vezes que fui, encontrei uma cidade acessível, onde as pessoas informam corretamente, existe aviso sonoro nos ônibus e pisos táteis pelo centro todo e nos espaços culturais que conheci. Me encantei com a acessibilidade da cidade que é um eldorado acessível perto do que temos em Porto Alegre.
Mais que isso, é sempre uma felicidade colossal estar na companhia agradabilissima dos amigos Juliano Doberstein e Ana Zagonel, que tornam minhas estadas em terras paranaenses sempre uma diversão inesquecível, vai ver é por isso que eu levo sempre essas lembranças em meu coração.
Enfim, eis que na mesma semana soube de dois ou três projetos sobre acessibilidade e inclusão em Curitiba que me encantaram muitissímo. Um deles encontrei no Blog da Audiodescrição e na Usina da Inclusão, que passo a transcrever abaixo:
 
[...]
Curitiba ganhou uma opção gastronômica diferenciada nas instalações, no cardápio e no atendimento. O New York Café, localizado na XV de Novembro, é um estabelecimento especializado na culinária americana, com ambiente brilhantemente decorado e que apresenta um conjunto de soluções em acessibilidade de destaque.
 

Uma série de veículos de comunicação explorou a questão da acessibilidade como diferencial e esses veículos ficaram tentados a chamar o New York Café de "o primeiro café acessível de Curitiba". Eu estive com Diele Pedrozo e Luiz Santo, proprietários do NYC, que me contaram detalhes da história do empreendimento e compartilharam posicionamentos que nenhum outro veículo explorou.
Afinal, qual é a vantagem em apostar na acessibilidade de maneira séria e holística? Isso dá resultado? Por que fazer isso?
Nenhuma dessas perguntas foi levada em conta no momento de planejamento e idealização doNew York Café. As características inclusivas do empreendimento são resultado da vontade de empreender e abrir o próprio negócio, aliada à criatividade genuína da dupla proprietária, somada a uma visão de mercado. A motivação não foi orientada por legislações obrigatórias, mas sim porque a ideia é ser assim. O diferencial é esse.
Diele é professora e coordenadora do projeto Ver com as mãos, uma iniciativa artística e pedagógica do Instituto Paranaense de Cegos. Luiz é um chef apaixonado pela culinária americana, publicitário e tem na bagagem experiências profissionais em diferentes restaurantes do Brasil e do exterior. A união desses dois contextos proporcionou a idealização de um espaço em que "tudo é bom para todos".
"A minha vivência com alunos cegos me aproximou do mundo da inclusão. Antes de abrirmos o café, eu já observava os obstáculos de acesso que pessoas com deficiência enfrentam e percebia que a vontade de frequentar, de sair, de participar existe, o que não existe é visão para que isso seja possível", comenta Diele.
O New York Café foi projetado não só para ter as portas dos banheiros largas, ou mesas em boa altura, ou rampas de acesso. É um espaço onde o cliente pode exercer o seu direito pleno de escolha e autonomia.
A equipe de atendimento é parte fundamental no projeto de acessibilidade do espaço.
"Quando trabalhamos no projeto da reforma do espaço, pensamos que cada detalhe deveria ser feito para que qualquer pessoa venha até nós e tenha total condições de ser um cliente autônomo e independente. Do momento da escolha do prato, ao pagamento da conta", pontua a proprietária.
E nessa missão de oferecer meios de autonomia para qualquer pessoa, a criatividade torna-se uma grande aliada. O café já conta com cardápios em braile e caracteres ampliados, mas isso não é o suficiente para os criadores: "Estamos tentando encontrar alternativas tecnológicas para que o cliente com deficiência visual tenha ao seu dispor um cardápio em áudio, por exemplo, ou possa ouvir a descrição do ambiente do café", ilustra Luiz Santo.
Atendimento personalizado
Outro pilar importante (até mesmo dentro do desenho universal de acessibilidade do café) é o treinamento que a equipe recebeu e que vem sendo aprimorado pouco a pouco. Para que um cliente com deficiência tenha uma experiência de autonomia, é essencial que quem o atenda também contribua para que isso aconteça e colocar essa ideia em prática pode parecer bem mais simples do que se parece.
Acessibilidade no atendimento
"A ideia de ter algo 100% acessível é um pouco distorcida. Isso vai depender da necessidade de cada pessoa. Nós respeitamos isso". A declaração de Diele explica porque a equipe do café trabalhou não só em um projeto arquitetônico diferenciado, mas apostou também no treinamento dos atendentes.
Saber indicar a posição dos talheres, prato e copo a um cliente com deficiência visual, sugerir a mesa com estrutura mais adequada ao cliente cadeirante, atender ao deficiente intelectual sem qualquer diferenciação de tratamento e respeitando o seu ritmo de escolha, ou ainda, receber treinamento básico de LIBRAS. Esse conjunto de diretrizes faz parte da prestação de serviços do estabelecimento.
Ao perceber que teriam que trabalhar com um atendimento diferenciado, os fundadores notaram que o tempo de coleta dos pedidos corria o risco de ser mais lento, o que em partes, pode complicar o fluxo global da prestação de serviço. O risco foi incorporado ao New York Café e acabou se tornando um diferencial relevante. Para Diele "Os clientes notam essa postura dos atendentes e entendem isso".
"Vamos imaginar que um atendimento a um cliente com deficiência demore duas vezes mais do que o normal. Se ele for bem atendido aqui, acaba voltando e com isso os atendentes passam a conhecê-lo pelo nome. É claro que isso é bom para qualquer pessoa e no fim das contas, todo cliente que é bem atendido volta e passa a ser chamado pelo nome. Por conta de tudo isso, não estamos sendo comparados a ninguém", comemora Luiz.
[...]
 
Serviço:
Rua XV de Novembro, 2916
De terça à quinta - Das 12h às 20h
Sexta e sábado - Das 12h às 22h
Domingos - Das 14h às 20h
...................................
São pessoas como esses empreendedores do café Nova York que me deixam feliz e com vontade de seguir na luta, claro, antes de continuar, passar por lá e fazer uma boquinha. Parábens pela iniciativa, tomara que mais ideias como essa proliferem!
 
 
 
 

sábado, 24 de novembro de 2012

Olhares na Feira Regional do Livro de Novo hamburgo


No próximo dia 29 de Novembro (quinta-feira), das 16h às 18h, será exibido o documentário Olhares, como parte da programação da 30º Feira Regional do Livro de Novo Hamburgo ( Teatro do Centro de Cultura - Rua Engenheiro Inácio Cristiano Plangg, nº 66 – Centro). No filme, pessoas cegas e com baixa visão contam suas experiências no acesso ao teatro, exposições, cinema, literatura, música e entretenimento.

A obra conta com audiodescrição – recurso de acessibilidade que permite acesso a pessoas com deficiência visual. Além disso, também possui legenda para pessoas surdas ou com deficiência auditiva Trata-se de uma produção independente dirigida por Felipe Mianes, historiador e doutorando em Educação pela UFRGS, e Mariana Baierle, jornalista e mestre em Letras – ambos com deficiência visual. A exibição será seguida por um debate com os diretores.

Segundo Mianes, o objetivo do trabalho é dar voz às pessoas com deficiência visual, destacando suas potencialidades na relação com o mundo artístico e cultural. “Queremos mostrá-las como protagonistas de suas trajetórias de vida, para além dos estereótipos e das restrições”, afirma ele.

Desde os entrevistados até os diretores de Olhares são indivíduos com diferentes graus de deficiência. Mariana Baierle comenta que ainda existe a ideia de que o deficiente visual é apenas o cego. “No documentário buscamos dar espaço também às pessoas com baixa visão (aquelas com acuidade visual inferior a 30%), que possuem peculiaridades e representam a maioria entre os deficientes visuais”, afirma ela.

É apenas de inclusão que precisamos? O que seria realmente a inclusão? O encontro convida à reflexão e ao debate sobre essas e outras questões trazidas no filme.

A atividade terá duração de duas horas e tem entrada franca.
 
 

Descrição da foto:
Sobre a imagem, o título “Olhares” em destaque, centralizado e em letras amarelas. Visto de cima e levemente desfocado, um piso de pedras portuguesas claras com rejunte escuro. À esquerda, uma bengala branca corta a imagem de cima a baixo. No centro, um pé com tênis preto e parte da perna de uma pessoa de calça jeans azul.
(Fim da descrição/ foto descrita por Felipe Mianes e Mariana Baierle)





 




FICHA TÉCNICA
Título: Olhares

Ano: 2012

Direção: Felipe Leão Mianes (historiador e doutorando em Educação pela UFRGS) e Mariana Baierle Soares (jornalista e mestre em Letras pela UFRGS). Ambos com deficiência visual, são pesquisadores na área da produção cultural e prestam consultoria sobre acessibilidade e audiodescrição

Gênero: documentário
 
Sinopse: Documentário sobre o acesso à cultura por pessoas com deficiência visual. Indivíduos cegos e com baixa visão trazem diferentes olhares sobre suas próprias experiências de vida, debatendo os problemas e as potencialidades de sua inclusão cultural por meio de recursos como a audiodescrição. Relatos que nos desafiam a refletir: É apenas de inclusão que precisamos? O que seria realmente a inclusão?









segunda-feira, 19 de novembro de 2012

docência não é gambiarra!

Nos últimos tempos a profissão de professor vem sendo espesinhada, ridicularizada e desvalorizada e, mesmo assim, qualquer pessoa se acha no direito de entrar numa sala de aula e lecionar - ou algo assim -, ou pelo menos tem o enorme desejo de tomar para si o lugar do docente, o que é no mínimo uma contradição.
Tem circulado fartamente em alguns - quase todos - os canais de mídia os projetos desenvolvidos nas escolas em que  comunidade escolar e os pais são convocados a "substituir" os professores, o que tem proporcionado "maravilhas" para as instituições que adotam essas práticas. Mas será que é mesmo essa gambiarra educacional que queremos?
Ao invés de reivindicar que sejam implementadas políticas educacionais que funcionem de fato e não só na propaganda governamental, a sociedade brasileira parece estar satisfeita com os pseudoprofessores que se tem produzido por ai, afinal, isso resolve as coisas a curto prazo, mas como o mundo não vai acabar em dezembro, precisamos pensar mais além.
Hoje em dia qualquer sujeito que tenha um curso superior - alguns até nem isso possuem - se acha no direito de poder exercer a docência como se diplomado e especializado fosse. Qualquer um fala de educação como se tivesse propriedade e apropriação dos fundamentos e de todos os elementos que a compõem. As vezes acho que todo mundo quando conclui uma graduação recebe junto um outro diploma de licenciatura plena.
Para mostrar que há um peso e duas medidas, me valho de um exemplo bem recente: o STF desobrigou o diploma de jornalista para atuação nessa área, e a imensa maioria da imprensa fez uma ferrenha campanha para que a graduação voltasse a ser requisito. O interessante e incoerente é que esses mesmos sujeitos exaltam os professores "gambiarras", que nem sequer licenciatura cursaram, mas que tomam o lugar do professor apenas tendo "boa vontade e disposição".
Não é uma questão de corporativismo, mesmo poruqe eu nem tenho intenção de atuar em escolas, mas, fico pensando para que serve meu diploma e todo tempo e dedicação que empreguei em meus estudos se qualquer um que entre numa escola é chamado de professor? As pessoas esquecem que a docência requer que tenhamos uma série de conhecimentos e práticas que apenas a licenciatura nos confere. Estudamos e pesquisamos fundamentados em bases científicas como as demais ciências o fazem, umas bem e outras nem tanto, mas fazem.
Acho até engraçado quando vejo exemplos na TV e nas conversas por onde passo em que, por exemplo, se elogia o fato de um engenheiro cívil dar aulas de matemática voluntáriamente em escolas. Não seria mais interessante lutar para que a escola tivesse um professor de verdade? e mais ainda, será que se eu fosse em uma obra que esse engenheiro trabalha e resolvesse tomar o lugar dele voluntáriamente também e começasse a agir como se engenheiro fosse, eu iria ser exaltado e elogiado? Com certeza não, já que obviamente eu não teria a mesma qualidade do citado profissional, pois eu não estudei e nem tenho experiências nessa área.
Outro fato bem interessante, nas escolas é que os pais dos alunos costumam questionar os metodos dos professores e a reclamar se o seu "anjinho" não anda bem na escola, como se a responsabilidade fosse só do professor e não também do aluno e/ou da familia. Mas será que um magistrado, um mecânico, um contador ou médico iria ficar feliz se eu começasse a dar pitacos na sua profissão e a dizer o modo como deveriam agir com seus clientes? - não que os alunos sejam clientes da escola. Então porque esses sujeitos que são meros neofitos na ciência educacional se arvoram a declinar o que há de "errado" com o ensino ou com os metodos do professor. Afinal de contas quem estudou para estar na função de docente?
Seja como for, fico pasmo com o modo como a docência é tratada no Brasil, como se fosse algo simples e sem muito valor, desde os baixos salários até a depreciação que se faz do profissional docente, que muitas vezes além das dificuldades inerentes à profissão é obrigado a lidar com a falta de estrutura nas escolas, com a falta de respaldo das direções e com a transferência de responsabilidade dos governos. Assim, ao contrário do que muitos pensam, lecionar não é só entrar na escola e dar aula, é algo mais complexo que exige mais do que vontade. Hei de ver o dia em que a docência será tratada com o respeito e deferencia que merece.
 
 
 
 

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Porque é tão díficil pensar na acessibilidade UFRGS?

Acontece em Porto Alegre o X Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, no campus central da UFRGS, organizadora do evento - ao menos de seus professores e com o uso de sua estrutura física. Até ai nada de importante. No entanto, os organizadores do evento resolveram transformar o patio da universidade em um "circo", onde nós com deficiência somos tratados como "palhaços".
A manifestação parece muito ácida, mas não é menos forte do que as dores que sinto pelos três choques que tive, tropeçando na estrutura deixada no chão e em cordas que sustentam os estandes sofrendo inclusive um corte no abdomen. E eu, como doutorando em Educação e coordenador de um curso de extensão na universidade, tenho que ir até lá dáriamente, o que me obrigou a enfrentar aquele ambiente hostíl.
Eu seria injusto se dissesse que está mal sinalizado, afinal, nem há sinalização alguma. Isso demonmstra o quanto a universidade e a comissão organizadora do evento se preocupam de fato com a integridade física de TODAS as pessoas. É até engraçado - se não for triste - um congresso com essa temática causar mais danos do que benefícios a nossa saúde. Parece que essa "saúde" fica mais no discurso do que na efetividade prática.
Quando eu e outras pessoas fomos reclamar sobre esse absurdo que estão fazendo, começou o famoso "jogo de empurra", pois a organização do evento diz que a culpa é da empresa contratada para a logística. Essa, diz que a culpa é da universidade, que por sua vez diz que devemos reclamar diretamente para os organizadores. A transferência de responsávilidade é mesmo algo revoltante. Não me importa nem um pouco quem é o responsável, o que me interessa é o DIREITO que tenho de circular com liberdade e segurança ´por todos os espaços da universidade, que não está sendo respeitado.
Além disso, quando reclamamos, o primeiro argumento para explicar o inexplicável é o do desconhecimento sobre as questões de acessibilidade. Oras, existe a lei 5296 de 2004 que regulamenta e estabelece parâmetros para construções provisórias ou permanentes e outras tantas regras sobre acessibilidade. E, esse argumento é furado, pois no Brasil, NINGUÉM pode alegar desconhecimento das leis para não cumprí-las.
Outra justificativa - e essa doeu mais que as pancadas que sofri - é a de que "nunca tinhamos pensado nisso antes". Isso significa que nós com deficiência - e  todos aqueles que precisam de acessibilidade -  continuamos sendo simplesmente ignorados por uma considerável parcela do "mercado" da saúde, bem como de funcionários e professores da UFRGS. Digo a essas pessoas que nos consideram sujeitos de segunda categoria e um tanto desimportantes, que nós também pagamos impostos como todo mundo, logo, a universidade também nos pertence, e nós - pelo menos eu - exigimos acessibilidade sempre. É interessante como algumas pessoas tem tanta facilidade em se apropriar dos espaços públicos.
Toda vez que acontecem eventos na UFRGS em que são montados estandes é o mesmo problema, eu reclamo, fazem um protocolo e nada é feito. Mas, dessa vez, foram ultrapassados todos os limites do aceitável. É triste perceber que somos tidos como um grupo do qual "ninguém lembra", embora sejamos 1/4 da população brasileira. Mesmo assim, muita gente ainda acha que acessibilidade é algo superfluo e que nós que que devemos "arrumar um jeito" de nos adaptar aos espaços.
Me senti desprezado pela universidade, como se o fato de ter uma deficiência me obrigasse a simplesmente aceitar essa situação  como algo normal. Parece que eu estar na UFRGS é entendido como um beneficio tão grande que o fato de estar ali é o máximo que podem fazer por mim. Eu cheguei até ó doutorado pelos meus próprios méritos, e creio que a universidade tem o DEVER de me prover acssibilidade e segurança.
Outra alegação interessante é o conformismo de dizer que tudo é um processo e que eu devo relevar que muitas pessoas não conhecem sobre esses assuntos. O meu sentimento de impotência, a sensação de discriminação e descaso é atual e não um processo. Os arranhões e dores de cabeça são atuais também.
Como algumas pessoas poderão ver nas fotos que colocarei abaixo, não há espaço para passar com segurança, os objetos e estruturas estão jogados para todos os lados sem nenhuma preocupação com quem quer que seja. O patio é amplo, mas conseguiram a façanha de deixá-lo minúsculo e repleto de pequenas e grandes armadilhas como cordas suspensas, barras de ferro, cordas estendidas na horizontal na altura do pescoço, piso mal colocado....
Fato é que me senti completamente desrespeitado pela universidade e pelos organizadors, que disseram que iriam tomar atitudes paliativas, mas nem isso fizeram. De que adianta um pedido de desculpas se nada de efetivo é feito - e dúvido que seja.
Enfim, essas situações me dão ainda mais motivação para continuar lutando pela acessibilidade até a última gota de suor e de sangue que eu tiver. Sei que chegará o dia em que tudo isso fará parte do passado e acessibilidade vai ser entendida como algo sério e fundamental em qualquer lugar, se não for por compreensão será pela legislação.
 
Abaixo algumas fotos do "show de horrores":
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Reminiscências do inacontecido

A chuva seca todo meu sorriso.
Faz viver o que havia morrido em mim.
Versos antigos que vão pingando,
Como lembranças efêmeras que guardo na clandestinidade.
Vou represando cada gota de suor misturada com lágrimas.
A possessividade da tristeza talvez seja uma dádiva.

Pessoas tristes caminham pelas ruas.
Não sei se a melancolia é delas,
Ou reflexo do que há em mim.
Sinto saudade das vidas que não vivi.
Quimeras que quis acalentar.

Sou um poeta em prosa.
Um romancista em rima.
Um escritor prosaico.
Contradição é minha sina.

Vasculho reminiscências escondidas.
Invento finais felizes que esqueceram de acontecer.
Histórias de amor solapadas.
Frustradas como tinha que ser.
Amor de poeta não é o que se consuma.
Mas, o que nos consome.
Amor infinito não é o duradouro.
Mas, aquele jamais correspondido.
Que por nunca ter existido
Será eternamente doido.
..............
Felipe Leão Mianes
 

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Espetáculo de dança contemporânea na Biblioteca Pública do RS terá audiodescrição da Tagarellas Produções no dia 10/11

 
(descrição do cartaz digital)

O cartaz do espetáculo é vertical. O texto, em vermelho e branco, foi aplicado sobre uma fotografia colorida. Nela, à esquerda, uma mão feminina de lado segura, entre o indicador e o dedo médio, um cigarro aceso. A palma está apoiada na folha de madeira crua de uma janela ou porta entreaberta. Uma luz suave sobre os dedos destaca a fumaça esbranquiçada do cigarro. Ao fundo, desfocada, uma superfície decorada com arabescos. A cremona da janela ou porta é dourada e tem desenhos rebuscados. À direita, por trás da vidraça esverdeada e com relevo floral, insinua-se a tênue silhueta da mulher que fuma. De frente, ela comprime levemente os dedos da outra mão contra a vidraça. O texto do cartaz está em caracteres como os das máquinas de escrever. Em um rodapé branco, logo abaixo da foto, as logomarcas dos patrocinadores, apoiadores e realizadores.
Ministério da Cultura e Triunfo Concepa apresentam...
Não me toque estou cheia de lágrimas. Sensações de Clarice Lispector.
Data: de 03 a 11 de novembro de 2012.
Local: Biblioteca Pública do Estado do Rio Grande do Sul. Rua Riachuelo, 1190 - Centro - Porto Alegre.
Horário: 20h.
Nos dias 04, 10 e 11 de novembro, sessões duplas às 18h e às 20h.
No dia 10, às 18h, sessão para deficientes visuais com audiodescrição.
Entrada Franca. Senhas no local com 2 horas de antecedência.
Patrocínio: Lei de Incentivo à Cultura e Triunfo Concepa.
Apoio: Avante Filmes, Severo Roth - Desde 1963 e BPE - Biblioteca Pública do Estado do Rio Grande do Sul.
Realização: Secretaria da Cultura - Rio Grande do Sul - Governo do Estado, Ministério da Cultura, Brasil - Governo Federal - País Rico é País Sem Pobreza.
(fim da descrição)


Não Me Toque Estou Cheia de Lágrimas - Sensações de Clarice Lispector, espetáculo do GEDA Companhia de Dança Contemporânea, terá uma de suas sessões acessível a quem tem deficiência visual. Será no próximo sábado, dia 10, a partir das 17h, na Biblioteca Pública do Rio Grande do Sul (Rua Riachuelo, 1190 - na esquina da Rua General Câmara, atrás do Palácio da Justiça), em Porto Alegre. A produção da audiodescrição é assinada pela Tagarellas Produções, com roteiro de Mimi Aragón, consultoria de Felipe Mianes e Mariana Baierle e narração de Marcia Caspary. O espetáculo tem entrada franca, mas a lotação máxima é de 40 pessoas. As senhas devem ser retiradas no dia da apresentação, na própria Biblioteca, a partir das 16h. A audiodescrição, que incluirá um breve relato da coreógrafa Maria Waleska Van Helden, inicia-se às 17h20 e o espetáculo, às 18h.
Concebido por Maria Waleska e dirigido cenicamente por João de Ricardo, o espetáculo de 45 minutos, distribuídos em três atos, percorrerá seis ambientes da Biblioteca Pública, cujo prédio está sendo restaurado desde 2006 e foi parcialmente reaberto ao público no final de outubro. As pessoas cegas ou com baixa visão acompanharão a ação com a ajuda de guias e poderão conhecer detalhes sobre os cenários, figurinos, iluminação, movimentos, gestos, expressões, projeções  e tudo o que for relevante para a compreensão da narrativa coreográfica. Um equipamento móvel de transmissão e recepção de áudio dará à narradora da audiodescrição e ao público a mobilidade necessária nas dependências da Biblioteca.

Os três atos de Não Me Toque Estou Cheia de Lágrimas - Sensações de Clarice Lispector (Nascimento, Infância e Compulsão) foram inspirados na vida da escritora nascida na Ucrânia e naturalizada brasileira, que morreu em 1977, tempos depois de conceder entrevista histórica à TV Cultura (http://youtu.be/djj_gdxUrPI), uma das referências utilizadas por Maria Waleska  na concepção da coreografia. A bailarina solista que dá vida à Clarice é Fabiane Severo. Catarina Leite Domenici assina a trilha sonora ao lado de James Correa e participa do espetáculo com piano e voz.
. Não Me Toque Estou Cheia de Lágrimas - Sensações de Clarice Lispector.
. Sessão com audiodescrição no dia 10 de novembro, sábado.
. Biblioteca Pública do Estado do Rio Grande do Sul (Rua Riachuelo, 1190 - na esquina da Rua General Câmara, atrás do Palácio da Justiça).
. Início da audiodescrição às 17h20. Espetáculo começa às 18h.
. Entrada franca.
. 40 lugares.
. Senhas distribuídas no local, no dia da apresentação a partir das 16h.
. Produção do espetáculo: GEDA Companhia de Dança Contemporânea.
. Produção da audiodescrição: Tagarellas Produções.
. Informações sobre a audiodescrição: tagarellasproducoes@gmail.com | (51) 8118.9814 e (51) 8451.2115.