quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Felipe Mianes e Mariana Baierle ministram palestra “Construção Literária inclusiva” na Feira do Livro

Dentro da programação dos Colóquios de Inclusão que ocorrem na 60ª Feira do Livro de Porto Alegre está a mesa “Construção Literária Inclusiva”. O debate será ministrado por Felipe Leão Mianes e Mariana Baierle. Será no dia 15 de novembro (sábado), das 16h15min às 18h15min, na Estação de Acessibilidade.
Felipe é historiador, mestre em Educação, doutorando em Educação pela UFRGS e autor do blog www.arteficienciavisual.blogspot.com. Mariana é jornalista da TVE, mestra em Letras pela UFRGS e editora do blog www.tresgotinhas.com.br
Na oportunidade, os dois irão abordar aspectos de suas construções literárias. Embora tenham características singulares, as narrativas de Felipe e Mariana são permeadas por vivências de mundo sob a ótica das pessoas com deficiência visual. Ambos tem menos de 20% de visão e, através da literatura, transpõe suas perspectivas, interpretações e inquietações.
Eles devem compartilhar com o público também suas experiências com produções literárias e culturais em diferentes mídias. Irão introduzir ainda a discussão sobre formatos de conteúdo acessível e os recursos de acessibilidade disponíveis.

SERVIÇO
O quê: palestra “A Construção Literária Inclusiva” dentro da programação dos Colóquios de Inclusão na 60ª Feira do Livro de Porto Alegre
Ministrantes: Felipe Mianes (doutorando em Educação pela UFRGS) e Mariana Baierle (jornalsita da TVE e mestre em Letras)
Quando: 15 de novembro (sábado)
Horário: 16h15 às 18h15
Onde: Praça da Alfândega, 60o Feira do Livro de Porto Alegre – Estação de Acessibilidade
Inscrições: gratuitas pelo email coloquiosdeinclusao@desenvolver-rs.com.br até um dia antes ou pessoalmente até 20 minutos antes (conforme lotação máxima do espaço)

domingo, 26 de outubro de 2014

Responsavelmente irresponsável

Encontrei a chave que abre as portas da fluidez dos sonhos
E pretendo não trancar mais essa porta
E nunca mais dizer não para mim mesma
(…)
Espontaneidade
Vontade
Desejo
(…)
Loucura
Fluidez
Liberdade
(…)
Há Sonhos que se sonham sonhando
Há sonhos que se sonham vivendo
(…)
A devanesia da vida acontece quando ontemanhã estão ofocos
E o foco torna-se multifoco
A vida torna-se plurileve
(…)
Sou dona das chaves que levo e das portas que tranco
Sou dona das minhas atitudes, do meu corpo e, acima de tudo, do meu ser
Quero ser eu mesma, contigo e semtigo, comigo e comigo
(…)
A vida nos surpreende,
Quero ser sempre surpreendida
E responsavelmente irresponsável

Autora: Mariana Baierle

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Ponto final



Doces tristezas jorram,
Gotas de amargura secam,
Antes de caírem ao chão.
Todo meu lamento de outrora.
Agora não tem mais importância.
O que fica são as lembranças.
Dos momentos raros,
Em que a melancolia deu lugar à esperança..

Não tenho medo da partida.
Mas lastimo ter deixado pela vida,
Migalhas soltas no caminho.
Do que eu fui e que queria ter sido.
Não me sinto mais perdida.
Pois cheguei ao meu ponto final.

Meus olhos já não são jabuticabas.
A pele não é mais suave e alva.
O brilho do sorriso que te guiava.
Deu lugar a uma lágrima sofrida.
Com amargo gosto de despedida.

domingo, 12 de outubro de 2014

No palco da vida


As palavras que as pessoas mais me ouvem mencionar quando assistem minhas palestras ou aulas sobre acessibilidade e inclusão são “acolhimento” e “protagonismo”. Não as utilizo simplesmente para ser politicamente correto ou para meramente marcar uma posição acadêmica e política. Eu realmente vivo isso que digo, seja tentando aplicar essas formas de pensar ou lutando para que eu também seja tratado assim, pois eu sei na pele o quanto isso é importante.
Alguns dias atraz, fiz uma palestra em uma universidade do litoral do Rio Grande do Sul. E lá vivi uma experiência que me emocionou bastante, e que levarei comigo como um exemplo das coisas que costumo tentar compartilhar com as outras pessoas. Uma das coisas que mais gosto nesses tempos de redes sociais é o contato que tenho com outras pessoas cegas ou com baixa visão que conheço pelo Brasil todo. Mais raramente, encontro uma ou outra pessoa com deficiência visual na plateia de minhas palestras.
Isso me alegra muito, pois começo a notar que cada vez mais nós estamos chegando às universidades. Há pouco mais de uma década isso era praticamente impossível. E agora, com as novas políticas públicas para o acesso e permanência ao Ensino Superior, as condições para que esse acesso aconteça são bem melhores.
Tudo isso permitiu, por exemplo, que numa cidade nem tão grande assim, houvesse dois alunos cegos estudando na mesma universidade. Fui apresentado a essas duas pessoas um pouco antes de iniciar minha palestra, e me pareceram interessadas e inteligentes, ainda que um tanto tímidas. Estavam acompanhadas por uma professora, penso eu. Estavam situadas na parte central da plateia, e enquanto falava, fiquei observando – tanto quanto eu conseguia enxergar – como e onde estavam posicionadas.
O que notei, foi que os demais presentes estavam um tanto isolados dos colegas com deficiência, pois os acentos em volta delas estavam vazios. Seja por coincidência ou não, o fato é que isso para mim foi algo muito representativo, e confesso que me incomodou um pouco. Não que as pessoas tenham feito isso intencionalmente, mesmo assim, é muito significativo.
Por isso, enquanto falava fui pensando como eu poderia fazer todo mundo que estava ali pensasse sobre aquela atitude sem parecer inconveniente ou agressivo. Queria também, que todos conhecessem seus colegas com deficiência e que esses fossem devidamente valorizados e colocados em posição de destaque.
Por fim, consegui pensar em algo que achei que poderia dar certo. Quando estava na hora de finalizar, pedi um minuto da atenção de todos, e convidei os colegas com deficiência para subirem até o palco. Logo que chegaram ao meu lado, disse que há menos de um século éramos proibidos de frequentar universidades, e que há menos de meio século seria quase impossível um de nós chegar até ali. Porém, nesses últimos anos, apesar das dificuldades, conseguimos chegar até as universidades, seja na graduação, na pós-graduação e também como docentes.
Fiz questão de dizer, que esses avanços não seriam nada se as pessoas não acolhessem ou não vissem que as pessoas com deficiência também têm o direito de ser protagonistas na sociedade. E, exatamente por aquele motivo é que as tinha chamado para o palco, porque nós com deficiência não precisamos ou queremos só ser parte da plateia, também desejamos e lutamos para estar ali no palco, seja como protagonistas de nossas vidas, ou mais ainda, como protagonistas na sociedade como um todo.
Conclui dizendo que aquele era o nosso lugar, sob os holofotes e no palco. Disse que sabia que outros antes de nós já conseguiram alcançar aquele patamar, e que outros tantos infelizmente não, e que era justamente por eles que eu continuaria lutando. Como disse: “afinal, aquele ali sim era o meu, o nosso e o lugar de todas as pessoas com deficiência no mundo”.
Conheço muita gente como eu pelo Brasil todo que exercem essa luta mesmo em atitudes tidas como cotidianas - e que surtem efeitos impressionantes - ou ainda aqueles que por força de circunstâncias são mais conhecidos ou que militam nos movimentos sociais. Tais como Lisandra Correa, Mariana Baierle, Leondiniz Candido, Adilso Corlassoli e outros.
Exercer esse protagonismo requer muito esforço e zelo não só em fazermos cada dia melhor nossos trabalhos e nossas posturas diante da vida e do mundo, pois de um modo ou outro, nossas atitudes acabam sendo referência para outros como nós.  Por outro lado, não adianta as demais pessoas nos oferecerem protagonismo, elas precisam respeitar as nossas diferenças e disponibilizar as condições para que alcancemos esses postos dentro daquilo que somos e não como querem que sejamos.
É isso o que eu sinto, é por isso que eu acordo diariamente com disposição e força para continuar na batalha, mesmo quando as coisas não andam bem, eu sei que preciso seguir fazendo a minha parte. Eu me darei por satisfeito apenas quando todos nós estivermos no palco, quando não ficarmos mais isolados e apartados da sociedade, seja por barreiras arquitetônicas ou atitudinais. É para elas e por elas que seguirem me emocionando com o que faço, e entre sorrisos e lágrimas, chamar mais e mais pessoas com deficiência para dividir o palco conosco. E que assim seja!!!

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

vencendo tempos e espaços


Tão longe está minha flor-de-lis
Moveria o mundo para te ver feliz.
Eu venceria tempos e espaços,
Distâncias e obstáculos.
Só para te ver sorrir.

Meus pensamentos pulsam no ritmo do teu coração.
Todo esse amor está entregue em tuas mãos.
Transformo estrelas em esperanças e nuvens em sonhos.
Só para não ver mais teu olhar tristonho.

Teus sorrisos são os sois que me aquecem.
A brisa doce da manhã traz consigo teu perfume.
Tuas palavras são como pétalas nos jardins
Que colorem e embelezam meus caminhos.

E se agora não estou ao teu lado.
Sente meu abraço sincero e apertado,
E que minha alma vive no teu coração.